As taxas de juros futuros fecharam em alta nesta quinta-feira, 6, em sintonia com o avanço do dólar, após a ata do Copom apresentar um tom mais suave que o esperado.
No fim do pregão regular na BM&F Bovespa, o DI para janeiro de 2015 (14.030 contratos) tinha taxa de 11,289%, ante 11,277% no ajuste anterior. O juro para janeiro de 2016 (135.610 contratos) indicava 12,39%, de 12,32% na véspera. A taxa do DI para janeiro de 2017 (211.840 contratos) estava na máxima de 12,62%, ante 12,43% no ajuste de ontem. E a taxa do DI para janeiro de 2021 (115.680 contratos) marcava 12,45%, de 12,19% no ajuste anterior.
As taxas de juros iniciaram a sessão em forte queda, após a ata do Copom parecer ter condicionado o ritmo do ciclo de aperto da Selic ao comportamento do dólar. A sinalização enfraqueceu as apostas de que o juro básico subirá 0,50 ponto porcentual no próximo encontro do Banco Central, em dezembro. No entanto, à medida que o dólar ganhou força ante o real em meio às incertezas com o cenário econômico, as taxas de juros zeraram as perdas e passaram a subir. A avaliação dos agentes é a de que, se o BC condicionou a alta da Selic ao comportamento dólar e a moeda continua a se valorizar, em algum momento no futuro a autoridade terá que ajustar a Selic para conter as pressões inflacionárias.
Entre uma reunião e outra, o Copom não alterou tão drasticamente as variáveis do cenário, com exceção do dólar, de forma que justificasse a elevação da Selic que surpreendeu o mercado. Na ata, o Copom informou que mudou sua premissa para o câmbio de R$ 2,25 para R$ 2,50 pelo cenário de referência. O valor considerado para o dólar está acima do valor negociado no dia em que o colegiado decidiu subir a Selic (R$ 2,4650 no fechamento). Hoje, o dólar à vista no mercado de balcão teve valorização de 1,47%, a R$ 2,5500 – maior nível desde 28 de abril de 2005.
O Comitê vê uma intensificação dos ajustes de preços relativos da economia. Segundo o documento, a intensificação desse ajuste tornou o balanço de riscos mais desfavorável para a inflação. Essa percepção pior, somada ao aumento das projeções de inflação no cenário de referência, explica em parte a elevação da Selic. A instituição, inclusive, retirou da ata o trecho em que afirmava que pressões inflacionárias tendem a arrefecer. Nesse cenário, o BC agora fala que a política monetária deve se manter “especialmente vigilante” para minimizar os riscos de que os níveis elevados de inflação persistam. A palavra especialmente não constava no último documento e foi acrescentada agora.
Entre números previstos na agenda doméstica, a inflação de 0,59% pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) em outubro ficou próxima do teto do intervalo das estimativas coletadas pelo AE Projeções (alta de 0,26% a 0,60%). Já a produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no mercado brasileiro teve uma queda de 2,5% em outubro na comparação com setembro e um recuo de 9% ante o mesmo mês de 2013, divulgou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Por fim, a taxa de desocupação no Brasil ficou em 6,8% no segundo trimestre de 2014, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é menor do que o verificado em igual trimestre de 2013, quando a taxa de desemprego foi de 7,4%. No primeiro trimestre de 2014, a taxa tinha sido de 7,1%.