Economia

Langoni defende revisão do papel do Estado na economia

O economista Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), defendeu nesta terça-feira, 14, uma “revisão profunda” do papel do Estado brasileiro na economia. “A modernização do Estado terá de ser implementada, ou sempre ficaremos atrasados em termos de investimentos”, disse Langoni durante palestra no 20º Fórum Internacional Supply Chain, promovido pelo instituto de logística ILOS.

Segundo Langoni, a complexidade do Estado brasileiro, a obsolescência, o alto grau de burocracia e a multiplicação de processos de licenciamento são limitadores dos investimentos, principalmente em infraestrutura. Diante desta realidade, ele argumentou que há necessidade de promover dois choques na economia.

O primeiro choque, disse o economista, seria endógeno: uma revisão profunda do papel do Estado na economia brasileira. “Essa revisão tem de partir do princípio fundamental de que o Estado não tem capacidade gerencial de liderar esse processo de modernização (da infraestrutura). Ele pode ser regulador, árbitro de conflito de interesses, mas não pode monopolizar, ter papel único na modernização”, detalhou.

O segundo choque, por sua vez, seria exógeno. “O melhor caminho seria um novo ciclo de abertura da economia brasileira, negociada, mas que gera ganhos importantes em termos de transferência de tecnologia e inovação e provocaria pressão saudável para que esses processos de investimento em infraestrutura e logística tomassem rumo”, disse. “O Brasil ainda é uma economia bastante fechada para padrões inclusive de economias emergentes.”

Para Langoni, o atraso na infraestrutura brasileira é uma oportunidade para empresas estrangeiras, mas nem o fluxo ainda significativo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) tem se traduzido em melhorias na infraestrutura ou ampliação da capacidade. “A atração desses investimentos talvez seja um dos caminhos mais interessantes, que talvez até ajude a reduzir papel do BNDES, que tem o seu limite”, disse o economista.

O ex-presidente do Banco Central ainda citou um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) em que os investimentos em infraestrutura são indicados como uma saída para a crise em economias emergentes. “Não é uma questão ideológica, mas sim pragmática. Não é política de governo, mas sim de Estado. Independentemente de quem seja eleito, minha convicção é de que modernização da infraestrutura é uma prioridade absoluta e um atalho para o Brasil se livrar da armadilha atual de baixo crescimento”, frisou o economista.

Os ganhos de eficiência trazidos no longo prazo, destacou Langoni, deveriam se somar ainda à redução da burocracia e da complexidade tributária, outros dois obstáculos que explicam o baixo investimento. “É uma agenda de Estado. Os benefícios são tão palpáveis que qualquer novo líder deve aderir”, disse.

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