Um dia depois de o candidato do PRTB, Levy Fidelix, ter feito declarações homofóbicas no debate da TV Record, a presidente Dilma Rousseff (PT) deve fazer um aceno à comunidade LGBT e se reunir rapidamente com lideranças do movimento ainda nesta segunda-feira, 29, em São Paulo.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Carlos Magno Fonseca, e o membro do conselho consultivo da entidade e ex-coordenador nacional do setorial LGBT do PT, Julian Rodrigues, o comitê de Dilma acertou o encontro para o início desta noite, antes do comício no Campo Limpo. Oficialmente, no entanto, a campanha de Dilma não confirma a agenda.
Os militantes dos direitos LGBT dizem que, na conversa, pretendem cobrar que a presidente defenda bandeiras da causa gay, como a criminalização da homofobia. “É um ato mais simbólico. Esperamos que ela reafirme os compromissos que ela já vem assumindo”, disse Rodrigues.
Militantes dos direitos LGBT vinham negociando um encontro com Dilma desde que ela defendeu publicamente a criminalização da homofobia. A presidente declarou apoio ao projeto de lei que torna a homofobia crime para se contrapor à sua principal adversária, a ex-ministra Marina Silva (PSB). A proposta constava no programa de governo do PSB divulgado no final de agosto, mas um dia depois Marina recuou e publicou uma “errata” com um texto mais genérico.
Ontem, durante debate da TV Record, o tema voltou ao centro de debate após uma declaração homofóbica do candidato nanico Fidelix. Questionado sobra a violência contra homossexuais, ele causou perplexidade e revolta nas redes ao responder que casais do mesmo sexo não se reproduzem e dizer que vai “enfrentar essa minoria”.
Críticas
Apesar do aceno nesta eleição, o mandato de Dilma foi marcado por críticas dos setores LGBT. Em 2011, após pressão da bancada evangélica, ela suspendeu a divulgação de um kit anti-homofobia nas escolas públicas e disse à época que seu governo não faria “propaganda de opção sexual”, o que irritou as entidades. Dois anos depois, o PT abriu mão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara para o PSC. O colegiado foi presidido em 2013 pelo deputado Pastor Marcos Feliciano, acusado de homofobia e racismo, o que gerou nova tensão.