Estadão

Longa retrata a ‘uberização’ com bom humor e crítica social

Pedro Paulo (Estevam Nabote) está vivendo uma sinuca de bico: de um lado, quer passar o dia cuidando de seu carro, um Opala dos anos 1970; do outro, precisa ajudar a tirar a família do sufoco e realizar o sonho da sua mãe (Nany People) de viajar para Buenos Aires. É aí que ele encontra o único caminho que une esses seus dois mundos: ser motorista de aplicativo. Essa é a história de Um Dia Cinco Estrelas, que acaba de estrear nos cinemas.

A ideia do roteiro, de Ricky Hiraoka e Cris Wersom, é fazer graça com as dificuldades de Pedro, mas também cutucar questões sociais. "Os roteiristas escreveram uma comédia sobre a tragédia da uberização. Afinal, toda comédia vem da tragédia, dos dramas humanos", diz o diretor Hsu Chien. "É um microcosmo do Brasil. Cada personagem representa uma parcela de classe social, de diversidade de gênero e de comportamento."

A cada passageiro que entra no carro de Pedro para fazer uma viagem, uma história diferente é contada. Pedro, que antes vivia no casulo de sua casa limpando o carro e vendo a vida passar pela janela, é confrontado com o que há no mundo lá fora: o cantor fracassado, o trisal, os idosos perigosos e por aí vai. É algo que lembra Essa Pequena É Uma Parada e Um Convidado Bem Trapalhão, algumas das inspirações de Hsu Chien.

As cutucadas surgem, enquanto isso, do que o filme sugere: o senso de urgência em ser bem avaliado. "Vivemos essa sociedade em qualquer situação, fazendo cotação de tudo. Todo mundo é cotado", lembra Hsu, que também passa por isso com seus filmes. "Temos a expectativa de ter o melhor atendimento, o melhor profissional, o melhor vendedor. Passamos 24 horas por isso."

Um Dia Cinco Estrelas, assim, é a união da reflexão sobre a "uberização" com o humor pastelão. Dois universos que, às vezes, parecem não fazer sentido juntos, mas que acabam atingindo justamente aquelas pessoas que precisam discutir essas ideias. Tudo isso, ainda, com um personagem boa-praça. Aquele motorista que acrescenta no seu dia. "Ele é uma pessoa de bom coração, ingênua, que é levada no papo pelos passageiros", comenta o diretor. "O filme é uma celebração do que é o Brasil, das pessoas de bom coração." As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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