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Loyola: Dilma precisa repetir carta a brasileiros

Caso consiga se reeleger, a presidente Dilma Rousseff (PT) precisa repetir a “Carta aos Brasileiros”, feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando assumiu a Presidência da República em 2002. O conselho foi dado pelo economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria Integrada, durante entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Segundo ele, essa seria parte de um “grupo muito grande” de medidas necessárias para restaurar a confiança na economia do Brasil.

Loyola avaliou que a primeira medida que o novo governo, seja quem for o presidente, deverá tomar é restaurar a credibilidade da política fiscal brasileira, para ele, a maior preocupação hoje na política econômica do País. “Houve uma deterioração dos dados”, disse. Outras ações necessárias, acrescentou, serão o combate “mais firme” contra a inflação e uma postura mais “proativa” por parte do Banco Central. Ele citou ainda o reajuste do preço administrados, principalmente dos combustíveis, como uma das ações necessárias.

“A questão do crescimento a médio e longo prazo vai depender da continuidade das reformas. É preciso mexer em algumas questões que hoje são verdadeiros grilhões e impedem o Brasil de crescer”, ponderou. Ele destacou que a experiência dos últimos anos mostra que o processo de só “ativar a demanda” se esgotou, não funciona, e que, por isso, é preciso encontrar outra maneira de buscar o crescimento. “Ela precisa fazer uma espécie de carta aos brasileiros, repetindo o que o presidente Lula fez lá em 2002, assim que foi eleito”, disse.

O economista defendeu que a presidente Dilma Rousseff precisa reverter as expectativas, por meio de ações imediatas, “já que sendo reeleita ela pode fazer muita coisa ainda esse ano”. “Aconselharia, se fosse possível, fazer reajustes dos administrados, e dar uma sinalização forte no Ministério da Fazenda”, afirmou. Na avaliação dele, Dilma precisa substituir o ministro Guido Mantega, o qual ela já anunciou que não deve permanecer na equipe econômica no próximo governo, por alguém que tenha credibilidade.

De acordo com Loyola, tanto o novo ministro da Fazenda quanto o novo secretário do Tesouro Nacional devem ter um perfil conservador e responsável, comprometido com a política fiscal e principalmente alguém que dê uma “sinalização de que a fase da contabilidade criativa passou”. “É preciso, de fato, ter um secretário do Tesouro que controle as contas públicas, e não o que fique procurando a melhor contabilização ou a menos transparente para esconder o óbvio, que é a deterioração da execução fiscal no Brasil”, afirmou.

Oposição

No caso de uma vitória da oposição, ele afirma que a indicação da equipe econômica também será muito importante para a retomada da credibilidade. No caso de Aécio Neves (PSDB), ele lembrou que a sinalização do tucano de que seu eventual ministro da Fazenda seria Armínio Fraga faz com que o mercado já “dê o benefício da dúvida” ao senador. Já em relação Marina Silva (PSB), que ainda não deu sinais de quem serão seus ministros, Loyola defende que o anúncio da equipe e da política econômica devem ser feitos o mais rápido possível.

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