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Minhocão terá bancos e acesso temporário

O Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, ganhará novos acessos, mobiliário urbano e “minipraças”, a partir de 1º de maio. Embora a ação potencialize o uso do viaduto da cidade de São Paulo como parque, o destino e a data da desativação para veículos continuam indefinidos .
O novo mobiliário consiste em três arquibancadas modulares, cinco tablados (com encosto) e 20 bancos modulares, todos de madeira e com a função principal de servir de assento para os frequentadores da parte superior do elevado. As peças não são fixas e serão montadas nas proximidades do Terminal Amaral Gurgel e da Praça Marechal Deodoro apenas nos fins de semana.

A iniciativa tem caráter experimental. Nas próximas semanas, a Prefeitura também instalará ombrelones (grandes guarda-sóis), para fazer sombreamento. “Estamos ajustando a forma de fixação desse material para evitar possíveis quebras ou retirada indesejada”, explicou a gestão Bruno Covas (PSDB) em nota.

O mobiliário faz parte do programa Centro Aberto, que também abrirá pela primeira vez as duas unidades prontas debaixo do viaduto, localizadas nos mesmos trechos dos móveis. Elas funcionarão como “minipraças”, com aparelhos de ginástica, bancos, mesas de piquenique e brinquedos para o uso da população em horário livre. Neste momento, não haverá, contudo, empréstimo de cadeiras, oferta de internet e outras atividades geralmente realizadas pelo programa, que estão pausadas durante a pandemia. As unidades mais conhecidas do Centro Aberto ficam na Sé, como a do Largo São Bento, onde há um deque e, antes da covid-19, eram realizadas partidas de xadrez e ações do Sesc.

As iniciativas são alinhadas ao chamado “urbanismo tático”, que prevê a realização de intervenções rápidas, reversíveis e flexíveis em espaços públicos, adotadas em países como a Dinamarca, a Espanha e a Colômbia. No caso das duas unidades abaixo do Minhocão, também incluem duas escadarias de metal temporárias, que igualmente terão inauguração neste sábado e permitem o acesso à parte superior do elevado.

<b>Expectativa</b>

Um teste da instalação do mobiliário foi fotografado por um morador e publicado nas redes sociais nesta semana. “O parque é real. Acho que sai”, comemorou uma pessoa nos comentários. Já outra afirmou que “nem precisa de bancos de madeira, e sim de segurança”.

Atualmente, o Minhocão está aberto a pedestres aos sábados e domingos, das 8 às 19 horas, mas alterações no funcionamento podem ocorrer a depender da pandemia. Frequentado para fins de lazer e atividade esportiva, o espaço ganhou também a atenção de marcas, que transformaram mais de 20 empenas cegas dos edifícios do entorno em murais gigantes.

Em paralelo, o Projeto de Intervenção Urbana (PIU) que definirá o destino do Minhocão continua “em andamento” na Prefeitura após consulta pública em 2019, considerando tanto o uso como parque quanto a demolição ou desmonte. Naquele ano, a gestão Covas chegou a anunciar a transformação definitiva do trecho entre o Terminal Amaral Gurgel e a Rua da Consolação em parque, com entrega em 2020, mas recuou.

Construído nos anos 1970, durante a gestão de Paulo Maluf,a parte inferior do viaduto se tornou teto de dezenas de pessoas em situação de rua, enquanto novos edifícios de classe média são lançados no seu entorno. A desativação do tráfego de carros na parte superior está determinada no Plano Diretor, de 2014. A lei passa, contudo, por revisão neste ano.

<b>Reações</b>

Entre os dois principais grupos organizados de moradores voltados a reivindicar um destino ao espaço, a entrega de novos mobiliários e acessos divide opiniões. A associação Parque Minhocão já havia elogiado a iniciativa ao <b>Estadão</b>.

O presidente da associação, Felipe Morozini, disse se tratar de “mais um passo importante para o fechamento para carros”. “Se o elevado já tem o uso feito pelas pessoas, então vamos fazer rampas, escadas, porque as entradas que existem foram teoricamente feitas para carros”, aponta. Ele também elogia os Centros Abertos, como uma forma de “requalificação do espaço público”.

Já Francisco Machado, um dos diretores do Desmonte Minhocão, criticou as novidades, que chamou de “farra de dinheiro público”. Para ele, as escadas e a manutenção da estrutura pioram a segurança, além de outros danos. “Qual é a prioridade: saúde pública ou escadarias?”

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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