Apadrinhado do PMDB, o superintendente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em São Paulo, Raze Rezek, foi exonerado nesta quarta-feira, 14, pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, acusado de utilizar carro oficial do órgão para fins particulares. No cargo há oito anos, Rezek afirmou que foi indicado para a vaga pelo vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e que vai processar Chioro e o ministério por danos morais.
O Diário Oficial da União informa que ele foi destituído por “utilizar (…) recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares, e por ato de improbidade administrativa.” Ele terá os bens indisponíveis para ressarcimento ao erário e não poderá ocupar cargo público pelos próximos cinco anos.
As denúncias foram feitas por servidores da pasta e resultaram em procedimentos internos de investigação. O ministério também acusou Rezek de “não exercer o cargo com zelo, não guardar sigilo sobre assunto da repartição, não manter conduta compatível com a moralidade administrativa e, até mesmo, não ser assíduo e pontual ao serviço”.
Vinculada ao Ministério da Saúde, a Funasa é responsável por investimentos em saneamento básico. As superintendências, como a de São Paulo, têm como atribuição analisar os projetos dos municípios que solicitam verba federal para saneamento.
PMDB
Temer afirmou, por meio da assessoria, que a indicação de Rezek para o cargo partiu do irmão dele, o ex-deputado Uebe Rezek, membro do diretório nacional e estadual do PMDB. O vice-presidente disse que soube da exoneração pelo ministro e que concordou com a decisão. O ex-superintendente usava o carro oficial para viagens nos fins de semana entre São Paulo e Barretos, onde tem residência. Uebe Rezek disse que, por enquanto, não vai se manifestar a respeito da exoneração do irmão.
Procurado, Raze Rezek disse que tomou conhecimento de sua exoneração pelo presidente da Funasa, Henrique Pires, também filiado ao PMDB. “Quem me indicou foi o Temer. Ainda não falei com ele. Tomei conhecimento somente ontem, no final da tarde, pelo presidente da Funasa. Até segunda estou ajuizando ação contra o ministério, contra a atitude do ministro de me exonerar. Depois, vou entrar com ação de indenização por danos morais.”
O ex-superintendente afirmou que recebeu autorização da direção da Funasa para utilizar o veículo nos fins de semana. Segundo ele, o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União entenderam que a utilização do veículo “possui amparo legal” e arquivaram as investigações. “Eu não sei qual a motivação para o ministro me exonerar. A cada um, dois meses eles tiram um do PMDB e colocam um do PT nas superintendências da Funasa. Eu não tenho nada a esconder. É fácil jogarem o nome dos outros na lama.”
Conforme o deputado e ex-presidente da Funasa Danilo Forte (PMDB-CE), já foram trocados os superintendentes de Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Bahia e Ceará. Procurado, o Ministério da Saúde e a Funasa não retornaram aos pedidos de esclarecimentos sobre o assunto. O nome do substituto de Rezek ainda não foi oficializado.