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Motoristas do Uber são barrados no Ibirapuera e hostilizados por taxistas

Ao menos cinco carros do aplicativo Uber foram apreendidos pela Prefeitura de São Paulo nesta quarta-feira, 21, na entrada do evento de moda São Paulo Fashion Week, no Parque do Ibirapuera, zona sul da capital.

Durante a apreensão, houve confusão com taxistas que tentavam identificar e barrar os carros com características semelhantes aos da empresa, que teve o serviço proibido na cidade no início do mês.

A apreensão começou por volta das 16h30, depois que um grupo de cerca de 30 taxistas chegou ao local do evento. Com celulares nas mãos, os profissionais acompanhavam, pelo próprio aplicativo da Uber, os motoristas da empresa. Eles também impediam a passagem de carros pretos e com película escura nos vidros, características comuns da Über.

Rafael Correa Menezes, de 28 anos, foi um dos que tiveram o carro apreendido. Ele nega que estivesse a serviço da Uber e diz que só deu carona para um amigo até o evento. “Eu estava saindo quando um grupo de taxistas entrou na frente do carro e impediu a passagem. “Eles estavam agressivos e vieram pra cima”, afirmou. É a segunda vez em quatro meses que o carro dele, um Corolla, é apreendido.

Outro motorista que foi forçado a parar por causa do bloqueio dos taxistas também teve o carro apreendido. Ele, que pediu para não ser identificado, admitiu que começou a trabalhar na Uber há uma semana. “Sabia que corria o risco de ser parado, mas fiquei muito assustado ao ser acuado pelos taxistas, que xingavam e vieram para cima do carro”, comentou.

A estilista Estephanie Cavalcante, de 28 anos, chegava ao evento em um carro da Uber, que também foi cercado pelos taxistas. “Sempre que tenho a opção, prefiro o Uber aos táxis. Acho assustadora a atitude dessas pessoas que querem coibir o aplicativo com violência.” Ela disse achar que os carros da empresa são mais novos e melhor cuidados e afirmou se sentir mais segura com o aplicativo. “Sei todos os dados do motorista e do carro antes de embarcar.”

Fiscalização

Os taxistas disseram que se organizaram na manhã de ontem, depois de descobrirem que uma das marcas, que estava se apresentando no evento, fez uma promoção em parceria com a Uber para os convidados. “Mesmo sendo proibido, o Uber não para de crescer porque não tem fiscalização. Nós estamos sendo prejudicados porque a empresa faz o que quer”, disse o taxista Thiago Silveira, de 30 anos.

Valdeci Silva de Lima, de 33 anos, que também é taxista, disse que o grupo foi até o local para pressionar os agentes da Prefeitura a fiscalizar os carros que podiam estar atuando de forma irregular. “Eles não estavam parando ninguém. Nos primeiros dias do evento (que começou no domingo), não teve fiscalização nenhuma e só tinha carro da Uber por aqui.”

O vereador Adilson Amadeu (PTB) acompanhou os taxistas e disse ter procurado o secretário de Transportes, Jilmar Tatto, para pedir o reforço na fiscalização. “É um perigo para a sociedade usar esse serviço, os motoristas sabem que estão ilegais e mesmo assim continuam trabalhando porque não há nada para coibi-los.”

Punição

Em nota, o Departamento de Transportes Públicos (DTP) de São Paulo informou que todos os veículos apreendidos serão levados para o pátio e o motorista, além de multa de R$ 1,7 mil, ficará sujeito ao pagamento de R$ 521 pela remoção do veículo e de R$ 41 a cada 12 horas que permanecer no pátio. A Uber também é multada em R$ 1,7 mil por carro.

O departamento disse ainda que, de agosto até ontem, apreendeu 87 veículos que utilizavam o aplicativo da Uber na cidade. Informou também que, neste ano, apreendeu um total de 360 veículos que realizavam transporte individual de passageiros de forma clandestina.

A Uber informou, em nota, que não concorda com as apreensões e disse que o serviço prestado “encontra respaldo na legislação federal” e é legal, de acordo com o Plano Nacional de Mobilidade Urbana. “Reforçamos que nossos parceiros têm de ter seus direitos constitucionais de trabalhar (exercício da livre iniciativa e liberdade do exercício profissional) preservados.”

A empresa, no entanto, não informou se arcará com as despesas dos motoristas que têm os carros apreendidos. A Uber recusou a proposta do prefeito Fernando Haddad (PT), que pretendia incluí-los na categoria de “táxi preto”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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