Opinião

Não somos todos macacos e nem humanos muitos são

Coluna do jornalista Ernesto Zanon, editor do portal GuarulhosWeb e GWEB TV

Após o selecionável Daniel Alves jogar a casca da banana na trilha do bandeirinha, longe de qualquer lata de lixo, em plena partida de seu Barcelona, na Espanha, iniciou-se uma forte campanha publicitária, encabeçada pelo garoto-propaganda mor da Nação, o tal do Neymar. Ele quis fazer passar que “somos todos macacos”, como se essa fosse uma mensagem positiva. Imediatamente, contra a corrente, me manifestei “me inclua fora dessa”. Queria engrossar o coro do “todos somos humanos”.

Mas nem uma semana passou e sou obrigado a concordar que “nem todos somos humanos”. Alguns, ou seriam muitos, estão muito mais para animais pré-históricos do que para pessoas propriamente ditas. A morte da dona de casa do Guarujá linchada após ser confundida com o retrato falado de uma mulher que seria responsável por sequestros de crianças para realizar magia negra confirma a tese da barbárie.

Além da morte da mãe de família, o que mais importa neste momento, há que se destacar como uma palavra mal empregada pode ser fatal. Neste sentido, o advento das redes sociais (não vivo sem elas, frise-se) faz com que todo mundo se julgue dono da verdade. E o pior: qualquer besteira, por mais absurda que seja, se torna verdade inquestionável. Exemplos não faltam. Basta uma postagem, mesmo de origem duvidosa, ir ao ar para que muita gente passe a reproduzi-la sem se atentar que o que está escrito ali nem sempre é verdade.

Desta vez, pela irresponsabilidade de quem divulgou o retrato falado e insanidade daqueles que partiram para a ignorância, uma dona de casa inocente morreu. Uma família se desfez. Mas a todo momento se mata, das mais diferentes formas, as reputações  que – para muitos – representam a própria vida dessas pessoas. Depois que algo inverídico é compartilhado inúmeras vezes, impossível buscar se redimir. Provar que focinho de porco não é uma entrada USB torna-se impraticável.

E, para não ir muito longe, entendo que não dá para aderir à campanha do cai-cai Neymar. Afinal, não somos todos macacos. E muito menos, dá para ir contra a correnteza e gritar “somos todos humanos”. Muitos que estão aqui ainda agem como animais pré-históricos. 

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