O vice-procurador-geral da República, Nicolao Dino, afirmou nesta quarta-feira, 13, em sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não pode ser responsabilizado por eventuais erros do ex-procurador da República Marcello Miller no processo de delação premiada dos executivos do grupo J&F. O ex-procurador é suspeito de ter atuado a favor dos executivos enquanto ainda estava na PGR.
“Ao procurador-geral da República, não pode ser atribuída qualquer responsabilidade pelas opções de vida do considerável procurador”, afirmou Dino em sessão da Corte na qual está sendo julgado o pedido da defesa do presidente Michel Temer para suspeição de Janot das investigações contra o presidente com base no acordo de colaboração premiada da J&F. Segundo Dino, os “caminhos” adotados por Miller não “alcançam” Janot.
Dino afirmou que as acusações feitas pela defesa de Temer para pedir a suspeição são “absolutamente infundamentadas”. Segundo ele, nenhum elemento autoriza a conclusão da defesa de que haveria “inimizade capital” por parte de Janot em relação ao presidente da República. De acordo com ele, o procurador-geral da República apenas cumpre sua função, que contraria os interesses de Temer, mas que vão na direção do controle da “macrocriminalidade”.
“A despeito de tudo, nada retira do procurador-geral da República a convicção de ver trilhado e estar trilhando o caminho certo, reto e inequívoco do cumprimento da sua função constitucional”, declarou Dino em sua fala na sessão. De acordo com o vice-procurador-Geral da República, a expressão dita por Janot de que lançaria “flechas” enquanto houver bambu nada mais significa do que dizer que o Janot exercerá seu mandato até o fim.