Estadão

Não se Preocupe, Querida chega cercado por fofocas

Ir de uma comédia esperta sobre duas amigas adolescentes para um thriller distópico de época, com cenas de ação, é um salto e tanto. Mas foi esse o percurso que Olivia Wilde fez, de sua estreia como diretora em Fora de Série (2019) a seu segundo longa, Não se Preocupe, Querida, que chegou nesta quinta-feira, 22, ao Brasil.

A atriz tornada diretora e a roteirista Katie Silberman começaram a trabalhar no projeto ainda durante o governo de Donald Trump, ou do "Faça a América Ser Grande Novamente", como dizia o slogan do ex-presidente. "Questionamos o que isso significava exatamente", disse Wilde em entrevista coletiva durante o Festival de Veneza, no qual o filme foi exibido fora de competição.

Os usuários de bonés vermelhos com essa inscrição têm uma nostalgia dos anos 1950 e 1960, quando homens brancos, heterossexuais, de classe média, tinham um certo status, que acreditam ter perdido com a conquista de direitos por mulheres, pessoas não brancas e LGBTQ+.

Na história, Alice (Florence Pugh, excelente) é uma feliz dona de casa dos anos 1950. Mora em uma casa linda, cozinha jantares de cinco pratos e está apaixonada pelo marido, Jack (Harry Styles), que trabalha no ultrassecreto Projeto Victory. Mas ela não demora a perceber que há algo de errado nessa perfeição toda. Não se Preocupe, Querida é uma fábula sobre a condição das mulheres que se perdem na revelação de seus mistérios.

<b>DEMISSÃO</b>

O filme foi, porém, devorado por questões que nada têm a ver com sua qualidade ou falta dela. Poucos dias antes da estreia em Veneza, Shia LaBeouf, que faria Jack e tem um histórico de comportamentos problemáticos, pediu que Olivia Wilde corrigisse a informação de que o teria demitido por seus métodos de trabalho. Segundo LaBeouf, foi ele quem pediu para sair. O ator vazou mensagens de texto e vídeo em que a cineasta tentava convencê-lo a ficar.

Surgiram ainda boatos de que Wilde, que iniciou um romance com Styles durante a filmagem, teria se desentendido com Florence Pugh, que não compareceu à coletiva em Veneza, indo apenas à sessão de gala.

Tudo isso fez com que a diretora tivesse de se explicar repetidamente. Na noite da quarta, 21, ela foi ao programa The Late Show, de Stephen Colbert, e contou que suas mensagens a LaBeouf eram uma tentativa de mediar a relação complicada entre os dois atores. Que, no fim, acabou optando por Florence Pugh. Ela ainda apontou que nada disso estaria acontecendo se fosse homem. "Diretores costumam ser elogiados por sua tirania no set", concluiu. Errada, ela não está.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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