O presidente do Banco Central da Áustria, Ewald Nowotny, disse que os governos europeus deveriam acelerar o investimento para apoiar a recuperação da zona do euro. Segundo ele, isso seria mais eficaz do que o Banco Central Europeu (BCE) comprar grandes volumes de bônus governamentais na tentativa de fazer as taxas de juro de longo prazo baixarem.
Nowotny, que também é membro do Conselho Diretor do BCE, disse ter a expectativa de que o euro continue a enfraquecer diante das principais moedas por causa das previsões de que a instituição manterá uma política monetária mais frouxa do que as de outros bancos centrais. “Devido às tendências diferentes nas políticas de juros, há uma grande probabilidade de que isso leve a uma depreciação adicional do euro”, afirmou Nowotny em entrevista coletiva paralela à reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A inflação anual foi de 0,3% na zona do euro, muito abaixo da meta de até 2% do BCE. O indicador fez crescer nos mercados financeiros a expectativa de que o BCE recorra a medidas mais agressivas de estímulo nos próximos meses, para prevenir deflação e recessão, basicamente por meio de compras de bônus governamentais dos países da zona do euro, de modo a fazer crescer a oferta de moeda na economia.
O presidente do BCE, Mario Draghi, voltou a levantar essa possibilidade em entrevista neste sábado, ao dizer que a instituição “está pronta a fazer tudo o que esteja dentro de seu mandato”. As compras de bônus são possíveis pelas normas do BCE, mas enfrentam forte oposição por parte do governo e do banco central da Alemanha (Bundesbank), por causa de temores de inflação.
Nowotny disse ainda que há opções melhores para a Europa. Ele citou uma proposta do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, de criação de um programa de investimentos de € 300 bilhões. “Se houvesse uma grande crise, as coisas poderiam ser diferentes. Mas na situação atual, acredito que faz mais sentido discutir esses programas de investimento do que a perspectiva de relaxamento quantitativo”, afirmou.
O banqueiro central austríaco também pediu paciência até que as medidas de estímulo já anunciadas pelo BCE tenham efeito na economia. “Não acho que devamos ser conduzidos por alguns comentaristas e produzir uma nova iniciativa a cada mês. Sou muito a favor de uma abordagem estável e acho que é isso o que estamos fazendo”, acrescentou.
Falando dois dias depois de o FMI dizer que a probabilidade de uma nova recessão na zona do euro está em 40%, Nowotny mostrou mais otimismo. Segundo ele, os testes de estresse dos bancos da zona do euro, conduzidos pelo BCE e que deverão ter seus resultados divulgados no fim de outubro, deverão ajudar a aliviar as preocupações quanto à saúde financeira do setor e levar a uma ampliação da concessão de crédito.
“Não devemos dramatizar as coisas excessivamente, e isso vale especialmente para a zona do euro. Tivemos revisões para baixo nas previsões de crescimento, mas ainda não há recessão na zona do euro como um todo e nossa expectativa é de que em 2015 as taxas de crescimento sejam claramente mais altas”, acrescentou. Fonte: Dow Jones Newswires.