Uma das autoras do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a advogada Janaína Paschoal afirmou nesta segunda-feira, 18, que, por ora, o que existe de denúncia contra o vice-presidente Michel Temer não justifica o seu afastamento. “Muito embora eu respeite o trabalho do Dr. Marra (Mariel Marley Marra), que fez o pedido, eu não vejo elementos suficientes. Mas se o vice assumir e surgirem (elementos), que se tomem as previdências. Que caia quem tiver que cair”, disse Janaína.
Um dia após a Câmara aceitar a admissão do pedido de impeachment com mais de dois terços de aprovação dos parlamentares, a advogada convocou coletiva de imprensa para comentar o processo, ao lado do jurista Hélio Bicudo, também autor do pedido. “Ontem para mim foi um alívio, mas não especificamente pelo resultado, que eu entendo que foi justo, mas pela maneira como o País passou por isso, foi uma aula de democracia que o País passou para o mundo”, afirmou Janaina.
Sobre as homenagens que os deputados fizeram a suas famílias, a Deus e às mais diversas causas na hora de anunciar seus votos, a advogada disse que isto não tira a legitimidade do processo de impeachment. “Foi um momento de manifestação dos deputados, isto é inerente ao papel do deputado, que é eleito por uma comunidade e presta satisfação a essa comunidade”, explicou. “E a participação em peso dos deputados foi um recado de que não estão à venda”, afirmou, em referência à negociação de cargos que ocorreu nas semanas que antecederam a votação.
Janaína chegou a dizer, inclusive, que se sentiu representada pelos parlamentares enquanto eles votavam. “Eu fiquei muito emocionada”, afirmou. A advogada esclareceu, no entanto, que não se sentiu representada pelas justificativas dos deputados, mas sim pela “liberdade de manifestação”. “Eu não gostei do voto do deputado Jair Bolsonaro, mas eu vou dizer que ele não tem representatividade? O Congresso é uma fotografia da população, se está ruim lá, tem que melhorar”, disse. “O Congresso me representa porque eu senti em todos eles a vontade de discutir o País”, acrescentou.
Depois que passou a aparecer com mais frequência no noticiário, em razão do pedido de impeachment, Janaina recebeu convite do Partido Novo para fazer parte da legenda. Ela negou o convite e disse que, pelo seu perfil, nenhuma sigla seria capaz de acolhê-la. “Eu não tenho essa vontade”, contou. A advogada negou também que aceitaria cargo em um eventual governo Temer. “Mas também não vou assinar um papel dizendo que nunca na minha vida aceitarei algum cargo”, ressaltou.