Estadão

O que temos é uma cultura de reação, não de prevenção

A manutenção de uma cultura apenas reativa se torna ainda pior ante o avanço das mudanças climáticas e o fato de que 2 milhões de domicílios no Brasil estão em áreas urbanas sujeitas a inundações, segundo dados reportados ao governo federal.

"As chuvas têm sido mais frequentes e concentradas", diz o professor de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP Pedro Côrtes. "Às vezes, pode estar até dentro da média esperada para o mês, mas sua distribuição está mais localizada."

É a mesma constatação de Paulo Artaxo, autor-líder de um dos capítulos do relatório do IPCC, o painel do clima das Nações Unidas, e professor da USP. "Faz 30 anos que os relatórios do IPCC dizem que isso iria acontecer", afirma. "Pesquisa da USP já mostrou que a quantidade de chuvas na cidade de São Paulo triplicou nos últimos 20 anos em relação ao início do século passado."

Há diretrizes e produção de informações, mas ainda há um abismo entre isso e as ações. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) monitora desde 2011 (logo após outra tragédia na Região Serrana, com mais de 900 mortos), os municípios mais vulneráveis.

"O que choca é que essas informações são facilmente compreensíveis", diz Côrtes. "Não é preciso ter conhecimento avançado para fazer uso. O que temos é uma cultura de reação, não de prevenção." As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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