Estadão

Olimpíada de Tóquio apresenta geração de heróis adolescentes

Eles ainda estão na adolescência, muitos têm o rosto marcado por espinhas, mas já são medalhistas olímpicos. São garotos e garotas com menos de 18 anos que estão brilhando nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Se a precocidade e talento da skatista Rayssa Leal chamaram a atenção do torcedor brasileiro por ela conquistar uma medalha de prata com apenas 13 anos, essa edição dos Jogos está recheada de outros bons exemplos da força da juventude.

A Olimpíada de Tóquio tem apresentado ao mundo uma nova geração de campeões. A inclusão de esportes como surfe, escalada e skate faz parte da estratégia do Comitê Olímpico Internacional (COI) para rejuvenescer o público dos Jogos Olímpicos e atrair uma nova audiência, mas no Japão os garotos têm brilhado em vários outros esportes também.

O sul-coreano Kim Je-deok, de 17 anos, faturou nada menos do que dois ouros no tiro com arco. Uma na disputa por equipes mistas e, depois, na prova masculina por times. O garoto prodígio já é apontado na Coreia do Sul como alguém capaz de fazer história no esporte.

Apelidado de "gênio do arco e flecha", ele primeiro chamou atenção após aparecer em um show de talentos em um canal de TV e, então, passou a ser lapidado por profissionais até chegar aos Jogos. Na equipe masculina campeã olímpica, integra o time com atletas até 23 anos mais velhos do que ele.

Com a mesma idade, a americana Lydia Jacoby já é campeã olímpica de natação nos 100 metros peito. No caso dela, o adiamento da Olimpíada foi favorável porque possibilitou que tivesse um ano a mais para se fortalecer mental e fisicamente e conseguisse o índice que lhe garantiu a vaga em Tóquio. Seus planos antes da pandemia, em março de 2020, eram estar nos Jogos como torcedora, de férias com os pais.

Lydia fez história antes mesmo de chegar a Tóquio. Ela é a primeira nadadora do Alasca a se classificar para os Jogos Olímpicos. "Acho que, vindo de um clube pequeno e de um Estado com uma população tão pequena, apenas mostro a todos que você pode fazer isso, não importa de onde você seja", disse a adolescente, que está no último ano do equivalente ao Ensino Médio nos Estados Unidos.

A espanhola Adriana Cerezo Iglesias, 17 anos e prata no tae kwon do, saboreia cada momento de glória e admite que ainda não sabe muito bem como lidar com a fama repentina. "Quando vi aquela quantidade enorme de gente que é referência no esporte me dando os parabéns, fiquei pasma. Não esperava nada disso", disse após receber os cumprimentos de nomes como o astro do basquete Pau Gasol.

Se durante as suas provas esses pequenos heróis olímpicos, apesar da pouca idade, já demonstram uma maturidade incomum, talvez o único momento em que exibem certa fragilidade é na hora de encarar dezenas de jornalistas adultos com microfones e câmeras, fazendo perguntas e tirando fotos. Por vezes, parecem um pouco assustados e confusos.

Foi o caso da japonesa Momiji Nishiya, 13 anos, medalha de ouro na decisão do skate contra Rayssa Leal. Ela parecia muito mais tímida do que a brasileira na hora de escolher as palavras.

Já Rayssa foi direta quando questionada sobre como ficará a sua vida depois da medalha olímpica: "Quero voltar a ser a menina que sou. Não quero ter responsabilidades. Quero continuar sendo a garotinha animada que sou para todo o Brasil". O seu desejo é levar a medalha conquistada para exibir aos amigos da sua escola em Imperatriz, no interior do Maranhão.

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