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Partido Novo sofre para atrair “medalhões”

Diante do desencanto de boa parte dos brasileiros com a “velha política”, atestado pelas pesquisas de opinião, o Partido Novo, criado com a pretensão de se tornar uma alternativa a “tudo-isso-que-está-aí”, quer aproveitar as eleições de 2018 para se popularizar e se consolidar no País.

Fundado em 2011 por um grupo de 181 pessoas sem vínculos com o mundo político, muitas das quais empresários e profissionais do mercado financeiro, o Novo deverá apresentar candidato próprio para presidente da República e para os demais cargos em disputa.

Segundo o fundador e primeiro presidente do Novo, João Dionisio Amoêdo, o partido terá candidatos a governador e deputado estadual em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e em Brasília. Também terá candidatos ao Senado em seis estados, não necessariamente nos mesmos em que participará do pleito para governador, além de candidatos a deputado federal nos 16 estados em que possui representação oficial.

O objetivo, de acordo com Amoêdo, é eleger ao menos 30 deputados federais, o que tornaria o partido a oitava maior bancada na Câmara dos Deputados hoje, com uma representação igual à do DEM, do presidente da instituição, Rodrigo Maia.

Nomes conhecidos
Apesar do pouco tempo que terá para divulgar a sua mensagem no rádio e na TV, o Novo conta com a internet, cujo papel promete ser ainda mais relevante do que nas eleições de 2014 e 2016, para conquistar votos. Sua página no Facebook, com 1,38 milhão de curtidas, é a maior entre todas as siglas, superando até as do PT e do PSDB. “As próximas eleições serão decisivas para o Brasil definir o seu futuro e o Novo deverá ter candidatos em todos os níveis”, diz Amoêdo.

Primeiro partido de viés claramente liberal desde a extinção da velha União Democrática Nacional (UDN), em 1965, o Novo aposta também na força de sua mensagem, centrada na redução da interferência do Estado na vida das empresas e dos cidadãos, na ética na política e na eficiência na gestão pública, para se destacar entre as 35 siglas existentes no País.

Pragmático, Amoêdo sabe, porém, que a missão não será nada fácil. O Novo ainda é um partido ignorado pela maioria dos eleitores e precisa de nomes relativamente conhecidos para se alavancar. O problema é que, apesar de seu empenho pessoal para convencer personalidades identificadas com as propostas do partido a se candidatar, em especial para a presidência e os governos estaduais, até agora ele não conseguiu alcançar os resultados que esperava.

Há muita especulação em torno do assunto, mas quase nada de concreto aconteceu até o momento, colocando em xeque as previsões otimistas de Amoêdo para o pleito. “Para querer entrar na política no Brasil tem de ser meio missionário”, afirma.

A ideia inicial, que daria alta visibilidade ao Novo e provavelmente renderia milhões de votos nas diferentes regiões do País, era fazer de Bernardinho, o ex-técnico da seleção brasileira de vôlei, candidato à presidência. Só que sua mulher, a ex-jogadora de vôlei Fernanda Venturini, teme expor a vida da família ao público e fez forte oposição à iniciativa, segundo se comenta no partido, levando-o a desistir da candidatura presidencial antes mesmo de ela decolar.

Bernardinho, que por enquanto prefere não falar publicamente sobre política, agora estuda se candidatar ao governo do Rio ou ao Senado. A decisão deverá sair até o final de outubro. Se Bernardinho decidir mesmo entrar no jogo, o mais provável, na avaliação de Amoêdo, é ele se candidatar ao Senado, cuja campanha tende a ser menos truculenta que para cargos executivos, ao contrário do que se tem falado por aí.

Enquanto não se decide, Bernardinho, que se filiou ao Novo no início do ano, tem dado palestras pelo Brasil afora, que chegam a reunir 500 pessoas, para ajudar o partido. Nas palestras, ele usa a experiência no esporte para falar sobre a importância da liderança, da meritocracia e do trabalho em equipe para alcançar o sucesso, em linha com o que costuma fazer nos eventos empresariais de que participa. Como o Novo é o único partido que não usa recursos do fundo partidário e depende das contribuições de filiados e simpatizantes para sobreviver, Bernardinho doa toda a receita obtida com as palestras, cujos ingressos custam até R$ 120, para a sigla.

Doria
Nos bastidores, fala-se muito, também, na possibilidade de o prefeito de São Paulo, João Doria, ser o candidato do Novo à presidência. Com foco na eficiência da gestão pública e na privatização de empresas e serviços estatais, Doria teria um perfil que se encaixaria perfeitamente no Novo. Embora o partido não tenha participado da coligação que o elegeu, tem dois filiados em seu time: os secretários municipais Wilson Poit, de Desestatização e Parcerias, e Felipe Sabará, de Assistência e Desenvolvimento Social, reforçando a identidade com Doria.

Mas sem presença em todos os Estados e sem uma máquina partidária capaz de impulsionar sua candidatura à presidência como ele gostaria, o Novo não parece reunir os atributos necessários para atrai-lo. Amoêdo, por sua vez, diz rejeitar a adesão de quem só está atrás de uma sigla para se candidatar, sem ter uma ligação partidária efetiva. “Quanto mais tempo passa, mais claro fica que um eventual interesse do Doria em ser candidato pelo Novo se dará apenas pela legenda”, afirma. “Desse jeito não faz sentido ele vir para o partido.”

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