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Paulistano paga R$ 40 para visitar atrações de SP

Edifícios famosos, monumentos, parques, bairros com (ótima) culinária estrangeira e estádio de futebol são atrações da capital paulista conhecidas em todo o País. Com um pouco de paciência, quem mora na cidade poderia se programar e conhecer qualquer um desses locais. Mas parte dos paulistanos tem preferido pagar R$ 40 para passear de ônibus com conforto pelos pontos turísticos do Município, com guia eletrônico. Eles são o maior público do primeiro coletivo que opera no sistema hop on/hop off em São Paulo.

“Eu fiquei sabendo dele (o ônibus) pela internet. Como meus dois filhos estão de férias, decidimos que faríamos pelo menos dois passeios por semana até eles voltarem às aulas”, contou, na quarta-feira, o analista Israel Gomes da Silva, de 44 anos, que passeou no coletivo com Mateus, de 8 anos, e Rafael, de 4. “Minha expectativa aqui é conhecer lugares novos para voltar depois”, afirmou.

Ônibus com sistema hop on/hop off funcionam nas principais capitais do mundo. Aqui, o serviço começou em março. É um ônibus de dois andares, administrado pela Prefeitura, que faz um roteiro circular (veja o itinerário no quadro ao lado). São nove pontos de parada. O passageiro compra a passagem dentro do coletivo e pode descer em qualquer um dos pontos, embarcando gratuitamente no próximo ônibus ou no dia seguinte. A entrada no ônibus fica liberada por 24 horas. O ingresso também dá direito à entrada gratuita, pelo prazo de vigência da passagem, em sete dos principais museus da cidade, como o Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu, o de Arte Sacra e a Estação Pinacoteca, ambos na Luz, e nos museus localizados no Ibirapuera.

O Estado acompanhou o programa por dois dias na última semana. Nas duas vezes, moradores de São Paulo – nascidos aqui ou em outras cidades – eram a maioria. Gente de férias que quis fazer um passeio diferente. “Mas vem bastante turista também. Hoje de manhã, havia dois grupo de americanos”, garantiu o cobrador.

Passeio

A estudante Daniela do Amaral, de 21 anos, e sua prima Marcela Couto, de 17, haviam feito o passeio na tarde de quinta-feira e, como o bilhete dá acesso ao ônibus por 24 horas, terminaram a viagem na sexta. “A gente foi até o Ibirapuera e ficou por lá à tarde. Voltamos para casa de ônibus normal”, explicou Daniela. Na sexta, pegaram o ônibus na Liberdade e seguiram no coletivo turístico até a Praça da República.

“Esses lugares, centro velho, Mercadão Municipal, são coisas que acabam fora da nossa rotina. Mesmo o Parque do Ibirapuera. E são todos lugares muito legais”, contou Daniela, moradora de Santana, na zona norte da capital.

O Circular Turístico desliza entre a fiação aérea exposta, também característica da capital, e a copa das árvores, que por vezes invadem o ônibus de dois andares. Dentro, uma caixa de som fornece informações sobre os pontos de interesse, que vão de locais como a Chácara Lane, uma lembrança da São Paulo rural de dois séculos atrás no meio da Rua da Consolação, ao grafite de Rui Amaral no túnel de acesso à Avenida Paulista, pintado em 1991 e conservado desde então.

No som, a descrição da cidade se adapta a cada público-alvo. Assim, o Conjunto Nacional é apresentado como local do primeiro shopping da América Latina, em português, mas como abrigo da maior livraria do continente, nos demais idiomas.

“Eu acho que esse é um dos pontos ruins do passeio. Se você mora aqui, como é meu caso, você sabe do que estão falando. Sabe o que é o Masp, qual é o prédio. Mas, para quem é de fora, achei essas informações muito desencontradas”, afirmou a secretária Maria Helena, de 55 anos, que também aproveitou as férias das sobrinhas – duas gêmeas de 8 anos, também paulistanas – para passear pelo centro da cidade.

Saídas

O hop on/hop off de São Paulo tem apenas três saídas diárias, da Praça da República, no centro – só para comparar, em Buenos Aires, por exemplo, as saídas do ônibus turístico são a cada 20 minutos, e a viagem custa cerca de R$ 80. Há Wi-Fi a bordo, mas para usá-lo é preciso preencher um longo cadastro, que exige CPF (que os estrangeiros não têm). Segundo a Prefeitura, em quatro meses de operação, o serviço transportou 5,6 mil pessoas, mas a administração não tem dados sobre o local de origem dos turistas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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