Imagine uma linha de metrô ligando a capital de São Paulo à cidade de Bauru, no centro-oeste paulista. Agora, imagine esses 284 quilômetros de trilhos com trens de alta capacidade distribuídos em uma gigantesca rede conectando todas as regiões da Grande São Paulo. Imaginou? O governo de São Paulo também.
Em julho de 2000, o então governador Mário Covas (PSDB) lançou o primeiro Plano Integrado de Transportes Urbanos (Pitu) que previa investir cerca de R$ 30 bilhões para construir 173,4 km de metrô e outros 52,2 km monotrilho até 2020, quando a rede de São Paulo chegaria aos 284 km de extensão, o que seria hoje a oitava maior do mundo – é a 35ª.
Passados 16 anos, muitos projetos foram para a gaveta, como o da Linha 8-Rosa (Raposo Tavares-Vila Guilherme) e o da Linha 23-Preta (Pari-São Miguel). Outros mudaram de cor, como a Linha 15-Prata (Vila Prudente-Cidade Tiradentes). E os que começaram acumulam atrasos e ainda não foram concluídos completamente.
O saldo é que São Paulo tem uma rede de 78,4 km – que em linha reta levaria apenas até Itu -, e com previsão de chegar em 2020 com 109,1 km, ou seja, só 38% do previsto no Pitu de Covas. À época, São Paulo tinha 49,2 km em três linhas de metrô: 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha. As linhas 5-Lilás e 4-Amarela foram inauguradas parcialmente em 2002 e 2010, respectivamente, e um pequeno trecho de 2,3 km da Linha 15 em 2014.
Para os próximos quatro anos, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) prometeu mais 31,6 km de metrô, com a entrega parcial da Linha 17-Ouro (Congonhas-Morumbi) e as extensões da Linha 4 até Vila Sônia, da Linha 5 até Chácara Klabin e da Linha 15 até São Mateus, na zona leste.
O então secretário de Transportes Metropolitanos do governo Covas, Cláudio de Senna Frederico, ressaltou à época que, para que as obras fossem concluídas dentro do prazo, o Pitu precisaria ser adotado por todas as prefeituras da Grande São Paulo e pelo governo federal, o que não ocorreu.
Além do metrô, o plano previa também a ampliação da rede da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), a construção do Rodoanel e a criação do pedágio urbano, entre outros projetos.
Já em 2005, no governo Alckmin, o Pitu ganhou uma versão mais enxuta, com planejamento para 2025. É com este plano que o Metrô trabalha hoje. Nele, a previsão de expansão da rede metroviária é de 110 km em 20 anos, ou seja, sobre a rede existente em 2005, que tinha 57,6 km de extensão.
Previsão. Segundo a Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos, estão previstos mais 46,9 km até 2021, com a conclusão da Linha 6-Laranja (Brasilândia-São Joaquim), paralisadas nesta semana pela concessionária responsável pelas obras. “Somando o que já foi feito com o que está em andamento e previsto para ser a entregue antes de 2025, serão totalizados 67,7 km de novas linhas dos 110 km previstos (61,5%), com a possibilidade de novas obras serem iniciadas e concluídas nestes próximos 10 anos”, afirma.
Ainda de acordo com a pasta, o governo Covas já havia afirmado há 16 anos que o Pitu 2020 não era um “plano acabado” e que continha “premissas e informações finitas, conhecidas em determinado tempo, com determinados recursos”. Segundo o governo, “o planejamento da expansão de um sistema de alto investimento como o metrô está sujeito à disponibilidade orçamentária de cada ano fiscal que varia conforme a realidade econômica do país”. Em todo esse período, foram investidos R$ 23,5 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.