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PM suspeito de matar criança no Alemão diz ter atirado em reação a traficantes

O policial militar suspeito de ter atirado contra o menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, na localidade Areal, no Complexo do Alemão, voltou a dizer à Polícia Civil que disparou um tiro – o último dos três efetuados por policiais na ação da qual participava – após PMs terem sido atacados por traficantes na favela.

Ele e mais outros dois soldados da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Alemão compareceram nesta terça-feira, 14, à Delegacia de Homicídios, intimados por investigadores. Todos tiveram licença médica renovada na segunda-feira, 13, por mais oito dias, quando passarão por reavaliação médica, e estão afastados da corporação. Os depoimentos, juntos, duraram quatro horas.

Segundo o advogado Rafael Abreu Calheiros, responsável pela defesa dos quatro PMs da UPP e mais 10 do Batalhão de Choque que participaram da mesma ação, todos os policiais que prestaram depoimento ontem mantiveram a versão da troca de tiros dita na primeira vez que falaram à Polícia Civil. Eles afirmaram que criminosos disparavam na direção deles com pistolas calibre 40.

“A duvida agora é se eles teriam condições de reconhecer o meliante”, disse Calheiros, sobre a possibilidade de ser chegar à identidade de um dos supostos traficantes. De acordo com a defesa, nenhum PM admitiu ter atirado contra Eduardo. “Primeiro, porque eles não viram nenhum menino. Há dúvida se foram policiais (que dispararam contra o garoto) ou se foram armas dos meliante”.

Questionado sobre o laudo da necrópsia apontando que o projétil que atingiu Eduardo tinha “alta energia cinética”, o que remete a um fuzil (arma utilizada pelos policiais), Calheiros defende que bandidos podem ter atirado a curta distância. “A curta distância, faz tanto estrago quanto o fuzil”.

Todos os PMs defendidos por Calheiros vão participar da reconstituição do caso, cuja data ainda será definida pela DH. Segundo Calheiros, investigadores demonstraram estar “esclarecidos” após os depoimentos prestados ontem, o que não descarta que eles sejam ouvidos novamente, mesmo depois da reprodução simulada.

Calheiros reforço que a defesa vai manter a linha de que o disparo, se comprovado ter partido da arma do policial, foi fruto de um “erro acidental”, provocado pela situação de troca de tiros. “Ele teve vontade de se defender, defender a própria vida. Ele só quis reagir à ação de um criminoso”, sustenta o advogado.

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