A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, defendeu nesta quarta-feira, 11, a importância da política fiscal para os "esforços de estabilização" em meio à crise provocada pelo coronavírus. "Pesquisas mostram que, embora a política monetária possa aumentar a atividade geral neste ambiente, ela não pode apoiar os setores específicos que seriam mais benéficos para o bem-estar", explicou, durante evento virtual organizado pela instituição.
Segundo a dirigente, a pandemia produziu uma recessão inédita, com o setor de serviços no centro do choque, enquanto a indústria demonstra mais resiliência.
Esse cenário, disse ela, tende a acarretar em uma retomada mais lenta, por conta do impacto na demanda. "Como os serviços são mais intensivos em mão de obra, as recessões causadas pelos serviços têm um efeito desproporcional sobre os empregos", ressaltou.
Para Lagarde, o processo de recuperação não será linear e terá trajetória instável. Na avaliação dela, os riscos negativos para a atividade econômica aumentaram nas últimas semanas, sobretudo com o avanço recente do coronavírus. "Mesmo que essa segunda onda do vírus se mostre menos intensa que a primeira, ela não representa menos perigo para a economia", argumentou.
A líder do BCE acrescentou que, apesar de notícias positivas sobre o desenvolvimento de uma vacina eficaz, ainda deve haver novos ciclos de infecções até que ela esteja amplamente disponível. Por isso, o impacto econômico da covid-19 deve ser sentido ao longo de 2021.
"Uma resposta política contínua, poderosa e direcionada é, portanto, vital para proteger a economia, pelo menos até que a emergência de saúde passe", salientou Lagarde.