Opinião

Polêmica ajuda a acelerar o julgamento do mensalão

A polêmica criada sobre a possível conversa do ex-presidente Lula com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que teria ocorrido no escritório do ex-ministro da Justiça, da Defesa, e ex-presidente do STF, Nelson Jobim, deve ajudar a acelerar o julgamento do mensalão pelo órgão máximo da Justiça brasileira. Pelo que trouxe a revista Veja desta semana, Lula teria ameaçado o ministro do STJ, já que o PT teme prejuízos eleitorais em caso de condenação dos principais acusados de envolvimento no esquema de corrupção ocorrido ainda em seu primeiro mandato.


 


Segundo Mendes, Lula fez ilações sobre o envolvimento do ministro com o senador Demóstenes Torres, acusado de manter relações com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Para obter a ajuda, o ex-presidente teria oferecido a oportunidade de a CPI do Cachoeira não investigar Gilmar Mendes. Isso não tem outro nome que não seja chantagem.


Por notas e entrevistas a terceiros, Jobim e Lula negam que a conversa tenha existido. Já Gilmar – no mesmo embalo – dá a entender que houve sim a ameaça, que ele chamou de descabida. Tanto que ele comunicou o ocorrido ao ministro Ayres Britto na semana passada, antes da revista chegar às bancas. Se o diálogo com o teor divulgado pela Veja existiu ou não, só se saberá se aparecerem gravações ou então se os três envolvidos chegaram a um consenso. Porém, há que se destacar que esse tipo de encontro, entre três figuras tão importantes no cenário político nacional, não ocorre por acaso, nem tampouco é possível acreditar que apenas amenidades sejam tratadas nessas oportunidades.


 


Lógico que cada lado envolvido vai tentar fazer valer a versão que mais lhe interessa. No entanto, percebe-se claramente que existe sim algo concreto nesse encontro revelado agora. E que o episódio serve para que a sociedade exija que o STJ, de uma vez por todas, promova o julgamento do mensalão, a fim de virar uma importante página da história política brasileira.

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