A fixação da meta de se chegar a um investimento público em educação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) dentro de dez anos, conforme previsto no Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado em comissão na Câmara dos Deputados na última terça-feira, está sendo bastante criticado principalmente por alguns setores do governo federal. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, lembra que – em 2003 – o país investia apenas 3,5%. Nove anos depois, esse número pulou para 5% do PIB. Para ela, a “empolgação eleitoral inflou bastante a expectativa.” O PNE define diretrizes e metas para os próximos 10 anos. Entre elas a valorização do magistério público da educação básica, o aumento das matrículas da educação profissional técnica de nível médio e a destinação dos recursos do Fundo Social do pré-sal para o ensino.
No entanto, como atesta Ideli em suas críticas à aprovação, os ministérios da Fazenda e da Casa Civil tentaram impedir os planos de elevar a meta acima dos 7% como estabelecia o governo na proposta original. Ou seja, parece que existe uma cultura impregnada nas administrações de oferecer grande resistência sempre que se fala em investimentos
Não é difícil perceber que muitos municípios, sem saber priorizar os recursos para a qualidade do ensino, canalizam o dinheiro – aparentemente em abundância – em obras, em uma espécie de desvio de função. Não que a construção de escolas deva ser descartada. Diferente disso, a edificação de prédios que possam servir para melhor abrigar os alunos devem integrar um bom plano educacional. O problema é quando isso se torna objetivo maior. Nestes casos, para governantes que pensam assim, realmente não adianta muito aumentar os recursos para a área. Quanto mais dinheiro entrar, mais vai vazar.