Opinião

Preconceitos fora de hora

Todo tipo de preconceito é abominável. Porém, alguns beiram o escândalo e a vergonha a que podem ser submetidos os seres humanos. Tudo bem que as pessoas possam gostar ou não de determinadas figuras políticas. Porém, certas “brincadeiras” que transitaram livremente nas redes sociais neste final de semana beiram o extremismo, o que não pode ser elogiável em qualquer situação. Assim aconteceu logo após a divulgação da notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está com câncer. Com a velocidade que as redes pemitem, uma mensagem se multiplicou de forma desalentadora. Sugeria que Lula fosse se tratar pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em vez de se submeter aos melhores e mais bem pagos oncologistas instalados no Hospital Sírio Libanês, na capital paulista.


É de se imaginar que muitas pessoas de bom senso, que acabaram por clicar na mensagem, contribuindo para espalhá-la, não pensaram muito no que fizeram. À primeira vista, poderia até parecer uma brincadeira inocente, uma forma de protesto contra o governo pelo caos que se instala na saúde do país, entre outras justificativas. Porém, não se trata nada disso.


A mensagem enseja – mais uma vez – preconceito. Queiram ou não, gostem ou não de Lula, ele é uma das figuras mais importantes da recente história da República. Quiçá todos os brasileiros pudessem ter a mesma atenção que ele vem recebendo dos mais renomados profissionais da Medicina. As campanhas deveriam mirar em sugerir saúde de qualidade a todos e não pressupor que o ex-presidente deveria se sujeitar a um tratamento – sabe-se – que não oferece as devidas condições.


Lula foi um homem que veio de baixo. Que saiu dos movimentos populares e chegou à Presidência da República. Merece – acima de tudo – respeito. Tanto que seus adversários, imediatamente, utilizaram as mesmas redes sociais para manifestar solidariedade. 


Roga-se agora que Lula possa superar mais essa batalha em sua vida. Que a forma corajosa como anunciou estar doente sirva de exemplo para que outros superem não só a doença mas principalmente o preconceito ainda enraizado em nossa cultura. Que sirva para que se dê mais atenção à saúde pública neste país. Que todos, independente de sua preferências políticas ou ideológicas, preguem a paz. Que todos combatam a pior das doenças: o preconceito.

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