A Prefeitura de São Paulo vai gastar com a realização do 43º Grande Prêmio de Fórmula 1 de Interlagos um total de R$ 41,6 milhões, valor superior aos cerca de R$ 35 milhões aplicados nos eventos realizados durante os 30 dias da Copa do Mundo. Os treinos e a corrida, marcados para os dias 7, 8 e 9 de novembro, devem atrair cerca de 150 mil turistas para a cidade.
O dinheiro aplicado dos cofres municipais na prova seria suficiente para a construção de 208 quilômetros de ciclovias, ou o equivalente à metade dos 400 quilômetros prometidos pela gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) até o final de 2016. O valor com a Fórmula 1 também seria suficiente para a implementação de 832 quilômetros de novas faixas exclusivas de ônibus, ou quase o dobro dos 400 km existentes hoje.
O evento é transmitido pela TV Globo, responsável por gerar as imagens da corrida para mais de 90 países. A Fórmula 1 tem como objetivo divulgar marcas das principais montadoras de veículos do mundo, além de empresas de combustível, pneus e freios.
Mas, apesar de custar mais caro que os 30 dias de eventos da Copa, incluindo do Fifa Fan Fest realizado no Vale do Anhangabaú, e que os desfiles do carnaval no Anhembi (R$ 30 milhões), por exemplo, a Fórmula 1 é apenas o nono evento que mais recebe visitantes na capital paulista entre os outros do calendário oficial da cidade, segundo ranking da São Paulo Turismo (SPTuris).
A Virada Cultural (4 milhões de pessoas), a Bienal do Livro (800 mil), o Salão do Automóvel (750 mil) e a Mostra Internacional de Cinema (200 mil) estão na frente em público se comparados com a corrida realizada no autódromo da zona sul. Durante a Copa, São Paulo recebeu cerca de 500 mil turistas que injetaram R$ 1 bilhão na economia. A Fórmula 1 deve movimentar R$ 250 milhões para a cidade.
No ano passado, a Fórmula 1 quase deixou a capital paulista. Bernie Ecclestone, presidente da Formula One Management (FOM), exigiu do governo municipal uma reforma e obras de modernização de Interlagos que custaram aos cofres públicos R$ 160 milhões – 80% da verba foi bancada pelo Ministério do Turismo. O autódromo ganhou novos boxes e recapeamento especial para a prova deste ano, entre outras intervenções.
Desde 2008, o gasto médio do governo municipal com a realização da corrida em Interlagos e com as reformas feitas no autódromo é de cerca de R$ 58 milhões por ano – valor que também poderia bancar a construção de dois novos Centros Educacionais Unificados (CEUs), cada um para 5.000 alunos. Até 2012, porém, o autódromo não tinha sequer estação de tratamento de esgoto.