O Comitê de Política Monetária (Copom) vê uma intensificação dos ajustes de preços relativos da economia. A avaliação consta na ata da última reunião do colegiado, divulgada pelo Banco Central, nesta quinta-feira, 6. Segundo o documento, a intensificação desse ajuste de preços tornou o balanço de riscos mais desfavorável para a inflação. Essa percepção pior, somada ao aumento das projeções no cenário de referência, explicam em parte a elevação da Selic, nesta última reunião, de 11% ao ano para 11,25%.
A instituição, inclusive, retirou da ata o trecho em que afirmava que pressões inflacionárias tendem a arrefecer. Nesse cenário, o BC agora fala que a política monetária deve se manter “especialmente vigilante” para minimizar os riscos de que os níveis elevados de inflação persistam. A palavra especialmente não constava no último documento e foi acrescentada agora.
Na visão do BC, o ajuste de preços relativos – realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres – tem impacto direto sobre a inflação.
Parte da diretoria, segundo a ata, argumentou que incertezas ainda cercam a magnitude e a persistência desses ajustes de preços. Em função disso, esse grupo se posicionou a favor de que, “neste momento”, as condições monetárias permanecessem inalteradas. Apesar disso, diz a ata, a maioria dos membros do Copom considerou oportuno ajustar, “de imediato”, as condições monetárias de modo a garantir – como já havia dito no comunicado da reunião – a um custo menor, a prevalência de um cenário “mais benigno” para a inflação em 2015 e 2016. Neste documento o BC ainda reconheceu que ajustes de preços relativos têm impacto direto sobre a inflação.
A percepção do Copom sobre o custo de vida, logo após a eleição da presidente Dilma Rousseff, piorou significativamente. O Comitê, inclusive, retirou a avaliação que constava na ata da reunião anterior e que apontava para o deslocamento do hiato do produto para o campo desinflacionário.