A principal pressão sobre a inflação em maio veio dos alimentos, afirmou nesta quarta-feira, 10, a coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), Eulina Nunes dos Santos. Segundo ela, o grupo foi o maior responsável pela aceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês passado, que chegou a 0,74%. Os alimentos respondem por quase 25% do orçamento das famílias brasileiras.
“Os alimentos subiram bastante em praticamente todas as regiões. Isso significa que as pessoas pagaram mais em suas compras em maio. Em alguns locais, os preços dos alimentos já subiram mais de 10% nos últimos 12 meses”, notou Eulina.
O tomate voltou a ser o vilão da inflação, acrescentou a coordenadora. O item tem um peso grande no orçamento dos brasileiros e subiu 21,38% em maio. No ano, a alta do tomate chega a 80,42%.
“São itens muito sensíveis ao clima, os ciclos de produção são curtos, e as chuvas têm prejudicado. A umidade gera uma praga, e os produtores têm argumentado que os custos para combater essa praga é alto. Então, temos oferta menor com custo maior”, disse Eulina.
A cebola também pressionou o índice do mês passado. O item ficou 35,59% mais caro em maio, enquanto a alta no ano chega a 100,45%.
No caso das carnes, a alta de 2,32% no IPCA de maio é explicada pelas exportações e pela estiagem. “Como dólar sobe, mesmo que o consumo interno não esteja respondendo muito, as exportações são muito atrativas. Então, o preço da carne vem subindo. Os pecuaristas argumentam também que a seca prejudicou o pasto, então o gado está mais magrinho”, explicou a coordenadora.
Outro item de peso na cesta básica das famílias, o pão francês ficou 1,60% mais caro no mês passado. Embora o valor individual seja baixo, Eulina lembrou que se trata de um produto comprado quase diariamente pelos brasileiros. “O pão francês vem sendo afetado pelo trigo, sob influência do dólar”, disse.
Embora os alimentos tenham sido a principal pressão, a energia elétrica também contribuiu para impulsionar o IPCA de maio, segundo Eulina. A alta da tarifa ficou em 2,77%.