A semana do Dia das Crianças, comemorado em 12 de outubro no País, costuma ser marcada pela concentração nos centros comerciais de pequenos consumidores atrás de presentes e diversão. Este período é um ótimo momento para ensinar a importância do dinheiro à criança, mostrando que poupar pode trazer benefícios ainda maiores no futuro.
Para a educadora Cássia D’Aquino, especializada em educação financeira infantil, esse tipo de ensino não deve ser confundido com a aplicação de técnicas ou macetes de como administrar o dinheiro, mas “com a criação de uma mentalidade adequada e saudável da criança em relação ao dinheiro. As vantagens de se planejar a vida responsavelmente devem ser ensinadas desde cedo”, acredita.
Não há dúvidas de que a educação financeira desde a infância é fundamental no processo de transformação do jovem, a fim de transformá-lo em um cidadão mais responsável, solidário e com maior autonomia.
D’Aquino afirma que “não é difícil, por exemplo, reconhecer em adultos mimados, que se comportam como se o mundo lhes devesse os favores de repetidos empréstimos a fundos perdidos, traços egocêntricos da criança que cresceu sem que alguém impusesse limites aos seus desejos”.
Educação compartilhada
A educação financeira no ambiente familiar é essencial, mas as escolas também tem papel fundamental na transmissão de valores relacionados ao cuidado com o dinheiro. Foi pensando nisso que a DSOP Educação Financeira criou um projeto com o objetivo de disseminar a cultura de planejamento financeiro nas escolas brasileiras.
Segundo dados da organização, mais de 1.300 escolas públicas e particulares, em 20 estados brasileiros, adotaram ao programa neste ano. Cerca de 150 escolas estão localizadas no estado de São Paulo.
De acordo com o idealizador do projeto e presidente da Associação de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, a iniciativa surgiu a partir dos altos índices de endividamento e inadimplência dos brasileiros. “Cada vez mais cedo é necessário transmitir valores a esses novos consumidores, para que não se tornem jovens endividados e frustrados. As crianças são muito observadoras e começam a perceber o poder que o dinheiro tem desde essa fase”, diz.
Educação previdenciária
Quando pensamos em previdência, automaticamente atrelamos o tema aos adultos e idosos. Porém, a educação previdenciária também é importante a partir da infância, para que as crianças entendam desde cedo o papel da Previdência Social no que diz respeito ao exercício da cidadania e garantia de direitos.
O advogado, professor e autor de diversas obras de Direito Previdenciário Marco Aurélio Serau Junior ressalta que o ensinamento deve ser na medida do grau de compreensão relativo a cada faixa etária do desenvolvimento mental da criança. “E, sobretudo, sempre vinculado às efetivas práticas de seus pais. De nada adianta falar para as crianças do exercício de direitos previdenciários e cidadania se, eventualmente, elas sabem que em casa um empregado doméstico não é registrado e, consequentemente, não tem seus direitos garantidos”, orienta.
Garantia de estudo qualificado aumenta procura por previdência privada
A maior preocupação dos pais com o futuro dos filhos já é uma realidade em relação aos planos de previdência privada. De acordo com dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), entre janeiro a julho deste ano houve um aumento de 11% na captação dos planos infantis em comparação ao mesmo período de 2013.
Para a gerente Comercial da Porto Seguro Previdência, Evely Silveira, esse crescimento contrasta com os resultados obtidos na captação de planos individuais para adultos. “Apesar de maior em volume, esses planos apresentaram crescimento de apenas 0,4% nesta mesma fase”, afirma.
Os números da Fenaprevi não são os únicos que constatam o crescimento da procura por planos exclusivos para os pequenos. Segundo levantamento realizado pela Brasilprev, nos últimos cinco anos, tanto o número de clientes como o número de planos específicos para esse público cresceram 22%, e o valor médio investido evoluiu 31%, saltando de R$100,00 em 2010 para R$ 131,00 em julho de 2014.
A gerente de Inteligência e Gestão de Clientes da Brasilprev, Soraia Fidalgo, comenta que o maior objetivo de pais, avós e outros responsáveis é financiar projetos educacionais para os pequenos. “Constatamos em pesquisas que pagar uma boa faculdade, cursos técnicos e de idiomas, bem como a realização de intercâmbios, estão na lista de intenções de quem investe em previdência privada para crianças”, diz.
Lúcio Flávio de Oliveira, presidente da Bradesco Vida e Previdência e vice-presidente da Fenaprevi, ressalta que no caso do PGBL, o pai ainda tem a vantagem de poder deduzir as contribuições feitas ao plano do filho, desde que respeite o limite de 12% da renda bruta tributável. “Com isso é possível a redução do Imposto de Renda em até 27,5%, aumentando a capacidade de poupança e, consequentemente, a velocidade da acumulação para o plano financeiro de seu dependente”, orienta.
Dicas para o “salário” infantil
– Cumpra rigorosamente a data, frequência e quantia combinada;
– Para definição de valores, uma alternativa é utilizar a seguinte fórmula:
* Até os 10 anos de idade, calcule um real para cada ano de vida por semana;
* A partir dos 11 e até os 14 anos, o valor sobe 8 reais por idade avançada;
* Com os mais novos, prefira a semanal, uma vez que eles têm dificuldades em pensar em longo prazo.
– Acompanhe a evolução da educação financeira. A partir dos oito anos, é possível que consiga trocar a semanada pelo recebimento quinzenal;
– Depois dos 11 anos, as crianças devem estar aptas a administrar a mesada;
– Incentive a poupança: ajude a criança a escolher um objeto de desejo;
– Armazene o dinheiro em dois lugares distintos; um para gastos cotidianos e outro para acumular até conseguir comprar o objeto desejado.
Fonte: Educadora Cássia D’Aquino
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