Opinião

Programa habitacional do governo federal fica longe do anunciado

Lançado em março de 2009, o Minha Casa, Minha Vida foi apresentado como programa prioritário do governo federal, rapidamente se transformando em uma das principais plataformas eleitorais da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Entre tudo o que foi divulgado na época, ressaltava-se o fato de o governo esperar assinar contratos de um milhão de unidades até o fim de 2010.  O tempo passa, o tempo voa, e difícil é encontrar por aí alguma pessoa que já esteja beneficiada com os alvos da propaganda governamental, que envolvem diretamente a Caixa Econômica Federal, responsável por financiar o grande programa habitacional do governo Lula.


 


Nesta sexta-feira, o jornal Folha de S.Paulo trouxe ampla reportagem revelando que o Minha Casa, Minha Vida só concluiu 1,2% dos imóveis na faixa de até 3 salários mínimos. Ou seja, muito barulho por quase nada. O banco federal alega não haver números consolidados sobre a conclusão de unidades habitacionais financiadas pelo programa, com detalhamento da sua execução por faixa de renda. Porém, o jornal paulistano garante que os números existem e mostram que, no segmento no qual se concentra 90% do déficit habitacional do País, a conclusão dos imóveis não chega a 2%. Ou melhor, apenas 1,2% das 240.569 unidades contratadas em todo o Brasil foi concluído. O número de unidades já entregues é ainda menor: 565, ou apenas 0,23%.


 


Ainda segundo o jornal, para especialistas, a prática da Caixa fere o princípio da publicidade, que rege a administração pública. Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP) a construção de unidades habitacionais em programas como o Minha Casa, Minha Vida pode levar até dois anos.


 


Para a faixa de renda de zero a três salários mínimos, a meta é a construção de 400 mil unidades habitacionais. As outras 600 mil unidades contempladas na meta do governo são destinadas a famílias com renda de até dez salários mínimos. Nas outras duas faixas de renda contempladas pelo programa, imóveis já prontos são financiados por construtoras via Caixa – por isso o índice de execução é maior. Assim, nas faixas de três a seis salários mínimos e de seis a dez, o número de unidades entregues chega a 124.870.


 


Ou seja, a propaganda oficial foi muito maior do que os serviços realizados, deixando a população com uma sensação ruim, de que não pode efetivamente confiar piamente no que é falado por aí. Provavelmente, o tema ocupará grandes espaços na propaganda eleitoral gratuita que começa na televisão e rádio nos próximos dias. Ao eleitor, cabe avaliar muito bem quem realmente está falando a verdade ao país.

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