A cúpula do PSB decidiu vetar o apoio do partido à candidatura do deputado Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara. Embora uma ala bancada do PSB na Câmara tenha mostrado simpatia por Lira, que tem o respaldo do presidente Jair Bolsonaro, a reunião do Diretório Nacional do PSB, realizada nesta sexta-feira, 11, por videoconferência, proibiu o aval ao deputado.
"Recomendamos não apreciar a candidatura de nenhum candidato ligado a Bolsonaro", disse o presidente do partido, Carlos Siqueira, ao <b>Estadão/Broadcast</b>. "Não poderia ser diferente. Partido de oposição não pode apoiar candidato do governo. É preciso preservar a independência da Câmara e proteger o Brasil de Bolsonaro", afirmou o líder da bancada, deputado Alessandro Molon (RJ).
O PSB tem 31 deputados na Casa. Nesta semana, uma reunião da bancada mostrou que boa parte declarou apoio a Lira, puxada por Felipe Carreras (PSB-PE) e João Campos, prefeito eleito do Recife. Carreras disse que defendeu a candidatura do líder do Centrão para o partido ter mais espaços na Casa, na estrutura e nas comissões. "Lira tem uma tradição de ser atencioso com os colegas", afirmou.
Reportagem do <b>Estadão </b>publicada nesta sexta-feira, 11, mostrou que um grupo de deputados do PSB foi chamado anteontem ao gabinete do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, no Palácio do Planalto, para ouvir argumentos em defesa da eleição de Lira. Muitos parlamentares procurados pelo Planalto têm saído desses encontros com promessas de cargos e de pagamento de emendas extra orçamentárias. Carreras foi um dos deputados que participaram da reunião na sede do governo, mas disse ter ido lá tratar de "assuntos do interesse de seu Estado".
A adesão do PSB à campanha de Lira já enfrentava resistências, principalmente por parte de Molon. "Não queremos entregar o controle da pauta da Câmara para Bolsonaro. Queremos ajudar a eleger um presidente que garanta a independência da Casa. Isso será fundamental para proteger os direitos dos brasileiros contra os retrocessos de Bolsonaro", disse ele.
Apesar da decisão do PSB, a votação na Câmara é secreta. Na prática, não há como existir fechamento de questão nem possíveis punições para os deputados que forem contra a resolução da cúpula partidária.
Lira oficializou sua candidatura à presidência da Câmara na última quarta-feira, 9, com aval do Planalto, acompanhado de representantes de oito partidos. Trata-se de um bloco parlamentar com 160 deputados.
No comando do Centrão, o deputado alagoano é o principal rival do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que foi impedido de concorrer à reeleição pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas lançará um candidato à sua cadeira, nos próximos dias.
O preferido de Maia para o cargo é o deputado Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB). O presidente da Câmara tem criticado a interferência do Planalto na disputa e, nesta quarta, disse que Bolsonaro joga pesado para eleger Lira.
No primeiro discurso como candidato, Lira tentou imprimir perfil conciliador e prometeu "ouvir" todos os deputados. "Vamos tocar os próximos dois anos de uma maneira diferente de como a Casa vem sendo administrada", disse o líder do Progressistas. "Não que venha sendo mal administrada, mas cada presidente tem a sua marca".
O deputado Marcelo Ramos (PL-AM) foi indicado como 1º vice-presidente da Câmara na chapa de Lira. Até o mês passado, Ramos era um dos possíveis pré-candidatos à sucessão de Maia, mas desistiu. "Entre manter uma candidatura à presidência da Câmara apenas para marcar posição e viabilizar, de fato, uma posição de destaque na Mesa Diretora, fico com a opção de seguir meu partido e entrar na disputa pela primeira vice-presidência, por entender que esta decisão fortalece a voz do Amazonas e o meu partido", afirmou Ramos, em nota.
Ao lançar a candidatura pelo Progressistas, Lira anunciou o apoio do PL, PSD, Solidariedade, Avante, PSC, PTB, PROS e Patriota. A cúpula do PTB não estava presente ao lançamento, mas deve aderir ao grupo.