O presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse à reportagem não ter conhecimento de empresas de fachada supostamente usadas para comprar a aeronave utilizada por Eduardo Campos em 2014, empresas que estariam também envolvidas em caixa dois para a campanha de Campos ao governo de Pernambuco em 2010. “Não posso entrar em maiores detalhes porque só posso falar do que sei. Acredito na retidão de Eduardo”, afirmou.
Em nota oficial do partido, assinada por Siqueira, o dirigente informa “ter plena confiança na conduta do nosso querido e saudoso Eduardo Campos, ex-presidente e ex-governador de Pernambuco”. O partido diz ainda apoiar as investigações. “Ao final, não restarão quaisquer dúvidas de que a campanha de Eduardo Campos não cometeu nenhum ato ilícito”, frisa a nota.
Na entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Carlos Siqueira disse não considerar anormal que o partido não tenha conhecimento da origem da aeronave que era usada por Campos e Marina Silva, vice na chapa presidencial em 2014 que assumiu a candidatura após a morte de Campos em acidente justamente no jatinho que é alvo da investigação. “Houve uma doação das horas da aeronave, não tínhamos conhecimento de que empresas eram as donas do avião”, resumiu Siqueira.
O dirigente afirmou que as contas da campanha estadual e nacional foram prestadas, sendo que o balanço referente à campanha em Pernambuco em 2010 foi aprovada. Com relação às contas de 2014, o dirigente não soube responder.
Consultado pela reportagem, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que apenas as contas da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) foram analisadas e aprovadas pela Corte, já que a prioridade era para a candidata que foi diplomada. As contas dos demais candidatos – Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos /Marina Silva (PSB) – ainda estão em análise.
No caso das contas do PSB, o relator é o ministro Luiz Fux e o processo se encontra na assessoria de contas eleitorais e partidárias, sem data ainda para julgamento, informou o tribunal. No caso do PSDB, as contas de Aécio estão sob a relatoria da ministra Maria Thereza e se encontram no Ministério Público Eleitoral para que órgão profira seu parecer. Também não há data para julgamento.
Turbulência
Deflagrada na manhã desta terça-feira pela Polícia Federal, a operação Turbulência investiga suspeita de caixa dois na reeleição do então governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), em 2010, e também na campanha de 2014, quando o candidato concorreria ao lado de Marina Silva à Presidência da República.
De acordo com a Polícia Federal, o dinheiro teria saído de um esquema montado por empresas laranja e teria movimentado cerca de R$ 600 milhões. O montante pode, também, ter envolvimento com o avião Cessna Citation que caiu em Santos (SP), em agosto de 2014, matando Eduardo Campos e mais seis pessoas que participavam de sua campanha.