Opinião

QUARTA-FEIRA, 18, O DIA DA INJUSTIÇA

Artigo do jornalista Ernesto Zanon, que trata da decisão do Supremo Tribunal Federal em acatar os embargos infringentes e permitir um novo julgamento dos condenados pelo Mensalão

E quem um dia irá dizer que sexta-feira, 13 é dia de azar? Para o Brasil, o dia do mau agouro deve ficar marcado como a quarta-feira, 18. Sim. Esta data, mais precisamente no mês de setembro, do ano de 2013 (olha o 13 aí de novo!!!!), ficará reconhecida na história do país como o dia em que a mais alta corte da Justiça se rendeu à bandidagem.

Depois de julgar e condenar os famosos mensaleiros, após meses de debate e argumentações das mais diversas que incluíram defesa e acusação, seis nobres ministros do STF resolveram – sabe-se lá por quê (no fundo, no fundo, todos sabem) – dar aos réus, em vez da prisão, uma nova chance para a liberdade. Com a grande perspectiva de alguns dos crimes prescreverem.

Frise-se que não se tratam de crimes banais, que prejudicam pouca gente. Estamos falando de crimes de colarinho branco, como formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa. Tudo envolvendo dinheiro público e o alto escalão do governo federal. Os réus, ninguém mais que os líderes de um partido que nasceu da massa mas que, no poder, passou a administrar para as migalhas – ou seriam para os canalhas?. 

Coincidentemente, é na massa que se encaminha o julgamento no STF. Na massa da pizza, em um país que se diz tudo terminar na redonda, a iguaria italiana que hoje tem sabor de derrota. Quisera que a quarta-feira, 18, fosse uma só o  sexta-feira, 13. Na quarta-feira, 18, as bruxas se travestem de toga. Em vez das vassouras, microfones. A balança da Justiça está pensa. Para o lado do mal.

Triste a quarta-feira, 18, em que o ladrão de galinha, encarcerado como um bandido, assiste de trás das grades os grandões do poder se esvairem em risos. Em gargalhadas. As borbulhas da champanhe francesa, servida no Palácio, jamais chegarão até os pobres mortais. Quiçá fosse sexta-feira, 13. Aí poderíamos atribuir a decisão do Supremo ao azar. Mas na quarta-feira, 18, prevalece a injustiça. 

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