O cenário de recessão fez quase 100 mil lojistas encerrarem as atividades no País em 2015, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O resultado foi atribuído à queda no volume das vendas no varejo, que deve ter registrado no ano passado o pior desempenho dos últimos 15 anos.
O estudo da CNC mostra um fechamento líquido de 95,4 mil lojas com vínculo empregatício no ano passado, uma retração de 13,4% nos estabelecimentos comerciais que empregam ao menos um funcionário. As grandes lojas do varejo também registraram recuo no volume de estabelecimentos, com queda de 14,8% em 2015. Os números foram levantados com base nos dados de dezembro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
“O levantamento evidencia a dimensão da crise no varejo, que afetou todos os setores, inclusive os grandes, que, teoricamente, têm mais capacidade de enfrentar o quadro recessivo. Além disso, chama a atenção porque ela está presente praticamente no País inteiro”, avaliou o economista Fabio Bentes, da CNC, em nota.
Todos os segmentos do varejo registraram queda no número de lojas, mas os mais prejudicados foram os ramos mais dependentes das condições de crédito: materiais de construção (-18,3%), informática e comunicação (-16,6%) e móveis e eletrodomésticos (-15,0%).
Em termos absolutos, o setor de hipermercados, supermercados e mercearias foi o segmento que teve a maior redução no número de lojas: 25,6 mil estabelecimentos foram fechados no ano passado. O setor reponde por um em cada três pontos comerciais do País, lembrou a CNC. Os segmentos de supermercados e de vestuário e acessórios responderam por quase metade (45,0%) das lojas que encerraram as atividades em 2015.
Apenas Roraima não registrou recuo no número de lojas. Espírito Santo foi, proporcionalmente, o local mais afetado (-18,5%), seguido por Amapá (-16,6%) e Rio Grande do Sul (-16,4%).
Os Estados de São Paulo (-28,9 mil), Minas Gerais (-12,5 mil) e Paraná (-9,4 mil) responderam, juntos, por mais da metade (53,3%) da queda no número de estabelecimentos.