O pregão da Bovespa desta terça-feira, 24, que abriu renovando máximas, deve ser marcado pelo otimismo dos investidores domésticos e estrangeiros, que voltam a olhar o Brasil como boa oportunidade, dando continuidade ao rali que levou o Ibovespa na segunda-feira a fechar aos 65.748,62 pontos – o maior nível desde 27 de março de 2012 (66.037 pontos). Perto das 10h15 (horário de Brasília), o Ibovespa marcava 66.077,17 pontos, em alta de 0,50%.
Segundo Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, o índice da bolsa brasileira retroagiu logo após a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos. No entanto, neste início de ano, a percepção de risco do investidor não-residente melhorou.
“É claro que sempre há espaço para realização, mas, tradicionalmente, quando a bolsa brasileira entra neste movimento de rali, ainda mais catalisado por estrangeiros, o ganhos costumam ser expressivos”, afirma Figueredo.
O profissional nota ainda que, pelo saldo intenso da bolsa acumulado até agora, há mais compradores do que vendedores. Isso, reforça, indica maior apetite por parte do mercado. Ele ressalta ainda que o volume financeiro, em média, entre R$ 6,5 bilhões e R$ 7 bilhões, também é alto e contribui para a tendência.
As commodities seguem dando o tom para as duas principais empresas que compõem o Ibovespa. Petróleo e minério de ferro seguem em alta no mercado internacional. No entanto, notícias corporativas têm amplificado o desempenho dos papéis.
As ações da Vale devem acentuar os ganhos, com a alta de 2,5% na cotação do minério de ferro na China, e notícias corporativas, como a expectativa de um resultado muito positivo do quarto trimestre.
Muito embora a cotação do petróleo no mercado internacional seja de alta, os papéis da Petrobras podem reagir à decisão judicial que obriga a empresa a pagar R$ 10 milhões de multa ao município de Angra dos Reis (RJ), por dano ambiental ocasionado pelo derramamento de óleo na Baía de Ilha Grande, em maio de 2002. Por outro lado, a companhia poderá prosseguir com o projeto em águas rasas, localizadas nos estados do Ceará e de Sergipe.
Os investidores digerem a saída dos Estados Unidos da Parceria Transpacífico (TPP) em um dos primeiros movimentos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. E ainda a decisão da Suprema Corte do Reino Unido de que a primeira-ministra, Theresa May, deve consultar o Parlamento antes de iniciar o processo de saída do país da União Europeia (UE), o Brexit.
No radar doméstico, as negociações para a presidência da Câmara dos Deputados que teve uma reviravolta. Após a suspensão de decisão que impedia Rodrigo Maia (DEM-RJ) de se candidatar, o parlamentar se fortaleceu ao receber o apoio de PSB e deve receber oficialmente nesta terça do PSD. Com esse último, sai de cena seu principal concorrente, Rogério Rosso (PSD-GO). A leitura que se faz é que, com Maia no comando da Casa, a possibilidade de passar as reformas estruturais é maior.
Ainda os investidores atentos ao processo de escolha do novo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) e à continuidade das negociações da União com o governo do Estado do Rio de Janeiro em torno de ajuda financeira, que deve ter de esperar por aprovação de um projeto de lei pelo Congresso Nacional.