O número de ocorrências de roubo de cargas no Brasil cresceu 10,4% em 2015 na comparação com 2014, mostra levantamento feito pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística), obtido com exclusividade pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Foram registrados 19.248 roubos no ano passado, que resultaram em prejuízo de R$ 1,12 bilhão.
Trata-se do quinto ano seguido de crescimento. Para o assessor de segurança da NTC, Paulo Roberto de Souza, os aumentos persistem porque os órgãos públicos responsáveis pela segurança são lentos em dar uma resposta à piora da criminalidade e porque a legislação está defasada em relação à punição do crime.
“O que incentiva o roubo de carga é a figura do receptador, que vende o que foi roubado para alguém que vai recolocar o produto no comércio. A pena de receptação, se não houver crime qualificado, é de 1 a 4 anos. Ocorre que, na lei 12.413, de maio de 2011, criou-se o crime de menor potencial ofensivo, com penas de até 4 anos. Nestes casos, o autor deve ser levado para a frente da autoridade policial, ser indiciado, pagar a fiança e ir para a casa esperar um dia ser julgado”, critica Souza, que diz que a legislação foi “abrandada”.
Segundo o assessor, as cargas mais visadas são as que transportam produtos de maior valor agregado, como medicamentos, equipamentos eletrônicos e autopeças. Estes roubos, ele diz, costumam ser praticados por organizações criminosas “fortemente armadas e estruturadas”, que buscam lucro para financiar outras atividades criminosas, como o tráfico de drogas.
Os casos mais frequentes, no entanto, envolvem cargas que abastecem pontos de consumo nos grandes centros urbanos, como de alimentos, bebidas e cigarros. “Estes nós não chamamos de crime organizado, mas de crime de oportunidade, em que três ou quatro pessoas se unem para fazer o roubo”, descreve.
A região mais afetada do Brasil é a Sudeste, que somou 87% das ocorrências em 2015. A alta concentração se deve principalmente ao maior fluxo de cargas na região. “Temos uma grande densidade demográfica no Sudeste, uma grande quantidade de consumidores, os Estados são os principais produtores do País, os grandes fabricantes estão nesse centro. Então, naturalmente, o fluxo de cargas é extremamente intenso durante qualquer hora do dia”, explicou.