O ministro das Relações Exteriores (MRE), José Serra, afirmou que entre as modificações que ele, dentro do governo de Michel Temer (PMDB), está fazendo na pasta e na política exterior inclui-se o fortalecimento da Câmara de Comércio Exterior (Camex). “Ela foi se popularizando e perdendo representatividade. A Camex vai tratar também de investimentos em infraestrutura porque é importante para a competitividade nas exportações. Camex vai ter lugar geométrico nesse tipo de debate e decisão”, declarou, em palestra proferida no encerramento do 16º Seminário sobre Comércio Internacional, promovido pelo Instituto Brasileiro de Estudos de Concorrência, Consumo e Comércio Internacional (Ibrac).
No evento, Serra anunciou o nome de Tatiana Rosito como a nova secretária-geral da Camex. Com relação a sua equipe, também mencionou o nome de Roberto Jaguaribe, embaixador na China há um ano e meio que é o novo presidente da Apex. “Tirei ele de lá a dentes”, brincou, emendando que a Apex será mais bem acoplada agora dentro do Itamaraty. “Não seria bom para Apex só alugar camarote de sambódromo – aliás, fiquei pasmo com isso. Mas esse fato não desmerece algumas coisas boas que a Apex fez”, disse.
Sobre a gestão à frente do Itamaraty, Serra também falou que dará mais importância à solução de controvérsias. Nesta sexta-feira, 10, pela manhã a diretora da Coordenação-Geral de Contenciosos do MRE, Daniela Arruda Benjamin, afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que a ênfase do atual governo no comércio exterior e o novo comando da pasta podem trazer mais casos de disputas em que o Brasil lidere ou participe.
“Faremos acordos comerciais em todas as modalidades. Mas quer dizer que vamos sair da OMC? A OMC tem outras coisas importantes, como, por exemplo, o mecanismo da controvérsias. E para nós é uma boa área para obter conquistas”, disse, citando os casos de questionamento do Brasil à Tailândia sobre açúcar e à Indonésia sobre carne bovina e frango.
Na sequência, o chanceler ressaltou que não há divergências entre o que ele e o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, pensam. “Mas, se pudermos avançar muito nos acordos multilaterais, bilaterais, vamos (avançar). O meu sentimento é de ceticismo, é diferente”, disse.
Hoje pela manhã, Azevêdo afirmou que o Brasil precisa buscar acordos comerciais de forma bem pragmática em várias frentes: multilateral, bilateral, na OMC – enfim, onde quer que existam oportunidades interessantes.