O comportamento positivo do setor de serviços foi a grande surpresa que ajudou no resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de março, anunciado nesta quinta-feira, 23, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A avaliação é do economista-chefe da Parallaxis Consultoria, Rafael Leão, que, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, ponderou, no entanto, que o desempenho do segmento deve ser momentâneo, com uma tendência de migração para um cenário parecido com os dos demais setores pesquisados, quem vêm mostrando eliminação de vagas.
“Como podemos ver na abertura por setores, praticamente todos encerraram postos de trabalho, com destaque para a indústria e construção civil, que são as que mais têm sofrido com a desaceleração da atividade econômica recente”, destacou Leão. “Por outro lado, serviços surpreenderam, com uma criação de postos de trabalho forte”, complementou, ressaltando, porém, que o número deste setor veio abaixo dos resultados de março de anos anteriores.
Segundo o MTE, o saldo líquido de empregos formais gerados no terceiro mês de 2015 ficou positivo em 19.282 postos de trabalho, sem ajuste sazonal. O setor de serviços foi o responsável pela maior geração de vagas formais de trabalho em março, com um saldo positivo de 53.778 postos. Em contrapartida, os destaques negativos foram a construção civil, que fechou 18.205 vagas, e a indústria de transformação, com eliminação de 14.683 postos.
O resultado do Caged ficou perto do teto das expectativas dos economistas do mercado financeiro. No levantamento do AE Projeções, as previsões iam de uma eliminação de 70 mil vagas a uma criação de 20 mil vagas, com mediana negativa de 20.800 postos. A Parallaxis Consultoria estava mais próxima do piso da pesquisa, já que aguardava um saldo negativo de 59.738 vagas.
“O que nos dá a entender é que essa criação de vagas em serviços pode ser momentânea, em função de uma conjuntura um pouco mais específica relegada a esse setor, mas que ao longo dos próximos meses deve também ser impactado pela desaceleração da atividade brasileira de modo geral”, afirmou Rafael Leão ao Broadcast. “Por fim, o setor pode estar se mostrando um pouco mais resiliente, mas deve ceder como os demais ao longo do ano.”