Sinais de retomada do Brasil amparam alta do Ibovespa

Novos reforços de retomada da economia brasileira amparam alta do Ibovespa nesta quarta-feira, apesar das preocupações com o avanço da pandemia de coronavírus no Brasil e nos EUA. A valorização pode ser equilibrada com a cautela em relação a imagem do País no exterior, à medida que o presidente Jair Bolsonaro, contraiu covid-19, continuar minimizando a doença.

Porém, hoje, reconheceu que as medidas de isolamento social adotadas por prefeitos e governadores, inicialmente criticadas por ele, "sempre visaram retardar o contágio" da doença no País.

De todo modo, por ora, a sinalização é de valorização do Ibovespa, após o recuo de 1,19% (97.761,04 pontos). Às 11h06, subia 1,68%, aos 99.431,80 pontos. No exterior, os sinais são mistos. Enquanto as bolsas europeias caem, as de Nova York avançam.

Hoje, o diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, afirmou que os indicadores divulgados até agora apontam para uma recuperação da economia dos Estados Unidos em formato de "V", isto é, de forma rápida e vigorosa. Já a farmacêutica americana Moderna relatou avanços em sua candidata à profilaxia da pandemia do novo coronavírus. De acordo com a empresa, a inscrição de voluntários para a "fase 2" foi concluída e, assim, a "fase 3" poderá ter início ainda em julho.

O avanço acima do esperado das vendas varejistas brasileiras em maio é um indicativo de que a atividade doméstica está reagindo às medidas implementadas pelo governo para combater o novo coronavírus. Ainda que as ações de algumas varejistas estejam nas máximas, deve dar um fôlego a mais nesta quarta-feira. Um desses exemplos é Magazine Luiza, que acumula ganhos de 57,35% no ano. Vale ressaltar, porém, que neste momento de pandemia, que levou ao fechamento do comércio e, agora, está reabrindo gradualmente, o crescimento deveu-se principalmente às vendas pela internet.

As vendas do varejo subiram 13,9% em maio ante abril, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado superou o teto (11,60%) das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast. O piso era de 0,90% e a mediana, 5,90%.

No confronto com maio de 2019, as vendas caíram 7,2% em maio de 2020. Também nessa comparação, o resultado surpreendeu positivamente. O recuo foi ainda menor que a previsão menos negativa dos analistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Nesse confronto, as projeções iam de uma queda de 17,30% a 8,30%, com mediana negativa de 13,40%. Porém, caíram 3,9% no confronto com o quinto mês de 2019.

Já as vendas do varejo ampliado(inclui as atividades de material de construção e de veículos) tiveram alta de 19,6%, superando a maior estimativa (13,10%) do mercado, que tinha piso de 0,50%, com mediana de 7,70%. Ante maio de 2019, cederam 14,9%.

"Os números margem vieram bons, acima do esperado, mas é preciso ver como serão os resultados das empresas do segundo trimestre, se irão confirmar essa dinâmica", pondera Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença. Os balanços corporativos do período normalmente começam a ser informados no fim de julho.

O responsável pela Gestão de Carteiras da Constância Investimentos, Mauricio Gallego, ainda chama a atenção para o setor financeiro, que segue no foco das atenções, em meio ao debate sobre o fim da taxação do setor. Ontem, as ações do segmento cederam na B3, após o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), propor o fim das taxas de juros do cheque especial e do cartão de crédito. Conforme Maia, isso distorce o sistema financeiro. "É um setor que tem representatividade de quase 30% no Ibovespa, e caiu com receio do fim da tributação. Seria preciso maior concorrência. Tem espaço para avançar", cita. Hoje, os papéis do setor sobem após as perdas da véspera.

Já as ações da Petrobras avançam acima de 2%, refletindo a valorização ainda que moderada do petróleo e a noticia de estaria preparando a contratação do que deve ser a maior plataforma de petróleo do Brasil, para o campo gigante de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos. A informação é de fontes ouvidas pela Reuters.

Conforme Gallego, os papéis da companhia petrolífera também deve avançar no curto prazo, a despeito das incertezas em relação ao mercado de petróleo. Mas acrescenta que a intenção do ministro da Economia, Paulo Guedes, de privatizar uma parte do pré-sal pode dar dinamismo ao caixa da empresa, que já vem "fazendo seu dever de casa", em termos de desinvestimento.

A alta de 3,39% do minério de ferro no porto de Qingdao, também sustentam as ações da Vale (1,37%) e demais empresas ligadas ao segmento – CSNON subia 4,48%. Fica no radar ainda a aprovação do texto-base da MP das aéreas. Os papéis da Azul PN (1,40%) e os da Gol (0,99%) reagiam em alta.

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