Dois presos foram mortos por asfixia na noite desta quinta-feira, 12, na Penitenciária de Tupi Paulista, no interior de São Paulo, durante briga em uma cela. Os detentos usaram linhas de costurar bolas para o crime. Um dos corpos foi mutilado. Foram as primeiras mortes em presídios paulistas desde a atual crise no sistema penitenciário do País, iniciada após massacres em Manaus e Boa Vista.
A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que o Grupo de Intervenção Rápida (GIR) foi imediatamente acionado e transferiu os detentos responsáveis pelas mortes, isolando-os dos demais presos.
“A polícia foi avisada e deu início à investigação do caso. A SAP, além de colaborar com a polícia, instaurou apuração para propor ao Judiciário a inclusão dos autores em Regime Disciplinar Diferenciado”, disse a SAP, em nota.
Segundo o depoimento de dois detentos, que não tiveram seus nomes divulgados, as mortes não teriam relação com a guerra entre facções criminosas – a dupla declarou que tanto eles quanto as vítimas não fazem parte de nenhuma organização.
Os homicídios seriam uma vingança entre os próprios presos. As duas vítimas foram acusadas pelos autores do crime de serem “caguetas”, passando informações para autoridades.
Os detentos contaram que outros dois presos fizeram um sentenciado identificado como Daniel refém e o levaram ao banheiro da cela, onde o mataram por asfixia com a linha de costurar bolas. Em seguida, assassinaram outro detento, chamado Davi.
Um dos declarantes disse que os responsáveis pelos homicídios o obrigaram a pegar um pedaço de espelho, furar o pescoço de Davi e assumir a autoria do crime. Ele afirmou ainda que as vítimas tinham um bom relacionamento com os demais sentenciados da cela e do pavilhão.
Já o outro detento que prestou depoimento disse que o primeiro declarante foi o responsável por asfixiar Daniel. Ele e os outros teriam segurado a vítima. Ele afirmou que, com um pedaço de espelho, abriu a barriga do morto e arrancou suas vísceras para fora e o decapitou.
O segundo declarante disse ainda que até então tinha um bom convívio com Daniel, mas que ajudou a matá-lo porque era “pilantra e cagueta”. Segundo o depoimento, os dois haviam se desentendido quando estavam encarcerados no mesmo raio na Penitenciária I de Presidente Venceslau, mas o declarante “tinha deixado quieto”.
Sobre o assassinato de Davi, o segundo declarante afirmou que apenas segurou a perna da vítima no momento da execução e que o primeiro declarante auxiliou outro preso a puxar a linha. Em seguida, um deles furou Davi com um pedaço de espelho.
A Assistência Social da Penitenciária de Tupi Paulista está na manhã desta sexta-feira, 13, tentando contato com os parentes dos detentos assassinados para informá-los sobre o caso e prestar assistência.