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Táxis não atrapalham ônibus, diz estudo da CET

Um estudo feito pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mostra que, mesmo com os táxis circulando nas principais faixas exclusivas de ônibus da cidade, os veículos do transporte coletivo tiveram uma melhora na velocidade. Foi esse levantamento que permitiu à Prefeitura reverter, em setembro, a proibição de circulação imposta em março aos 35 mil taxistas na maioria (cerca de 440 km na época) das faixas pintadas à direita nas ruas.

O estudo foi feito ao longo de 71 quilômetros de vias pintadas pela gestão Fernando Haddad (PT), nas quais os táxis estavam permitidos, como no Corredor Norte-Sul e nas Marginais do Pinheiros e do Tietê. De acordo com o trabalho, entre os meses de abril e agosto deste ano, a velocidade dos ônibus aumentou nas faixas usadas pelos táxis em 6,2% durante o horário de pico da manhã, 3,9% no horário intermediário e 5,4% no pico do trânsito registrado à tarde.

A CET comparou as velocidades com as registradas no período entre fevereiro e março deste ano, antes da publicação da portaria que proibia a circulação dos táxis. Na época do estudo a cidade já tinha um total de 429 quilômetros de faixas – outras foram criadas depois.

A conta também foi positiva para os ônibus ao se considerar todas as vias pintadas com faixas. Segundo a Prefeitura, entre fevereiro e março a velocidade média dos ônibus nas faixas exclusivas – com e sem táxi – era de 18,5 km/h no pico da manhã e de 17,1 km/h durante a tarde. No período entre abril e agosto a companhia registrou velocidades de 19,6 km/h e 17,8 km/h.

Dos nove corredores do estudo, apenas em um deles houve piora em todos os horários. Na Avenida Prestes Maia, via que compõe o Corredor Norte-Sul, os ônibus ficaram 1,3% mais lentos durante a manhã. No pico da tarde a variação foi ainda maior. Os coletivos trafegaram 11,3% abaixo da velocidade média anterior.

A proibição dos táxis em faixas exclusivas e corredores de ônibus foi uma recomendação do Ministério Público Estadual (MPE). O pedido do promotor Maurício Ribeiro Lopes, da promotoria de Habitação e Urbanismo, no entanto, foi feito a partir de declarações da própria Prefeitura de São Paulo.

Durante o processo de pintura das faixas, após as manifestações de junho do ano passado, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, criticou por diversas vezes a presença de táxis em corredores e faixas exclusivas de ônibus.

Realidade

Para Horário Augusto Figueira, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), o levantamento da CET pode não “demonstrar” a realidade da cidade inteira. “Nos bairros as ruas têm apenas duas faixas de rolamento. Essa medida só deveria ser feita com a análise de cada trecho”, explicou.

De fato, a CET usou como base avenida com faixas exclusivas que têm pelo menos duas faixas apenas para carro, como é o caso do Corredor Norte-Sul e das Marginais. Com base nisso, a Prefeitura liberou a circulação dos veículos. “Essas melhoras estão dentro da margem de erro. Um trecho com quilômetros de extensão mistura as partes de baixa velocidade com as de alta velocidade. O recorte da CET precisaria ser mais fino”, disse Figueira.

Para o especialista, o táxi não é transporte público. Figueira afirma que no trânsito da cidade os veículos se assemelha com carros de passeio com passageiros dentro, causando o mesmo impacto negativo à velocidade dos ônibus. “Entre liberar o tráfego de táxi, seria mais simples deixar os fretados andarem na faixa exclusiva.”

Público e privado

Para Jorge Spínola, diretor-presidente da Associação São Paulo de Táxi e diretor de Comunicação da Associação de Rádio-Táxis de São Paulo (Artasp), os táxis “são públicos, mas de interesse privado”. Ele explicou que, após as restrições nas faixas exclusivas que estavam fora dos 71 quilômetros permitidos, muitos taxistas deixaram de trabalhar nos horários de pico. “Por causa do trânsito eles tiveram de mudar a rotina porque viraram carros de passeio em meio ao trânsito.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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