Estadão

Temores fiscais locais impedem Ibovespa de seguir alta externa

O Ibovespa abriu em queda nesta quinta-feira, 8, apesar da alta das bolsas norte-americanas e das commodities. Nem mesmo o resultado acima do esperado das vendas varejistas no Brasil e a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da transição, na quarta-feira, no plenário do Senado, com ampla margem de votos, animam. Mesmo com redução no valor da ampliação do teto de gastos, para R$ 145 bilhões, o montante ainda é considerado elevado por especialistas, ampliando riscos fiscais.

Após testar o nível dos 109 mil pontos mais cedo, em alta de 0,20%, com máxima aos 109.285,75 pontos, o índice Bovespa tem dificuldade em manter esta marca. Na mínima até agora caiu 0,34%, aos 108.698,82 pontos. De um lado, os riscos fiscais pesam negativamente, enquanto a valorização das commodities vai na outra direção.

"O petróleo passou por correção por medo de recessão global e hoje sobe. O minério também avançou 1,41% em Dalian diante da continuidade de redução nas medidas contra a covid na China e em meio a estímulos ao setor imobiliário", avalia Leonardo Neves, especialista em renda variável da Blue3. "Já a aprovação da PEC mostra a força política do novo governo, o que é bom tem temos de paz institucional. Porém, ainda é um valor alto", completa Neves.

Apesar do avanço da PEC, Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, ressalta que a dinâmica em torno do futuro das contas públicas no Brasil segue a mesma. "Passou, mas há elementos que tendem a mascarar a real situação fiscal. O teto de gastos já não existe mais. Em contrapartida, terá um arcabouço fiscal, mas qual seria esse arcabouço?", questiona.

Quanto à PEC, há ainda incertezas em relação à votação do projeto na Câmara. Isso porque deputados querem esperar a decisão sobre a legalidade do orçamento secreto no Supremo Tribunal Federal (STF), o que tende a embolar a votação da PEC.

Ontem, o Ibovespa fechou em queda de 1,02%, aos 109.068,55 pontos, seguindo Nova York, em meio ao apetite por risco diante de temores com o aperto monetário global e a desaceleração em curso da economia dos Estados Unidos. Por lá, hoje a agenda é esvaziada.

Em meio aos temores fiscais, o Banco Central (BC) reforçou sua preocupação com o tema ontem no Comitê de Política Monetária (Copom), mas sem avançar. A taxa Selic foi mantida em 13,75% ao ano, como amplamente esperado. A manutenção pode reforçar um eventual clima negativo na B3, dado que uma redução do juro básico pode demorar.

"À luz da sinalização do Banco Central e de suas projeções, consideramos que cortes de juros ficaram mais longínquos", avalia em nota a Terra Investimentos.

Para o Itaú, a questão neste Copom não era sobre possíveis movimentos da taxa de juros e sim sobre como o comitê responderia ao recente aumento de riscos fiscais.

Segundo o Itaú, a resposta do Copom ao fiscal veio conforme o esperado, "com o Comitê mantendo a avaliação de um balanço simétrico de riscos (o que sugere que não estão tentados a mudar a postura de política monetária no curto prazo)".

Às 11h29, o Ibovespa cedia 0,06%, aos 109.007,34 pontos.

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