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Trump ataca o Irã e eleva a tensão no Oriente Médio: o que esperar agora?

Após o insucesso das vias diplomáticas, os americanos enfim atacaram as instalações nucleares do Irã neste sábado (21). Segundo o presidente Donald Trump, três foram atingidas: Natanz, Esfahan e Fordow, esta última, escondida no interior de uma montanha, foi atacada com as chamadas bombas “antibunkers” GBU-57, uma das joias do Exército americano.

A princípio, o ataque representa uma escalada gigantesca no conflito do Oriente Médio, mas não a entrada formal dos EUA na guerra. Eles esperam, a partir de agora, que os iranianos sentem-se à mesa de negociações a fim de cessar seu programa nuclear.

Resta-nos, agora, aguardar as retaliações de Teerã, que certamente acontecerão. Já no início deste domingo (22), diversos mísseis foram lançados em direção a Tel Aviv, deixando pelo menos 23 feridos.

No entanto, a grande questão é: o Irã fará algum ataque direto aos americanos?

Não sabemos. Mas há alguns cenários que podemos imaginar. Os Estados Unidos possuem, hoje, mais de 40 mil soldados posicionados em bases no Oriente Médio, que podem ser alvos de retaliações dos iranianos. Outra forma de efetivar esse ataque seria por meio da especialidade da casa: suas proxies, que podem realizar atentados em território americano, promovendo uma espécie de “11 de Setembro 2.0”.

A verdadeira bomba atômica do Irã

Caros leitores, quando falamos de possíveis retaliações de Teerã, não podemos deixar de mencionar sua “verdadeira bomba atômica”: o controle do Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo mundial.

Não sejamos inocentes. O aiatolá Ali Khamenei sabe que não pode medir forças balísticas com Trump, mas conhece uma forma perfeita de tocar na ferida americana: afetando o comércio global. Um eventual fechamento do Estreito de Ormuz — ameaça antiga, mas nunca concretizada pelos iranianos — levaria o preço dos barris de petróleo às alturas, gerando efeitos óbvios como o aumento no preço dos combustíveis, mas também efeitos em cascata, como o encarecimento de produtos, já que estes dependem de meios de transporte para chegar às prateleiras dos supermercados.

Certamente, uma decisão como essa levaria os americanos às vias de fato da guerra direta.

Terceira Guerra Mundial: é possível?

Quando falamos de conflitos em escala global, como o próprio nome sugere, é necessário que potências globais estejam envolvidas. Porém, não vislumbro, nem de longe, a entrada dos russos ou dos chineses na guerra do Oriente Médio.

Putin está ocupado (e gastando dinheiro) demais em seu confronto com a Ucrânia. Já a China, aficionada pelo seu crescimento econômico, certamente não está disposta a pegar em armas para enfrentar os americanos.

Não tenha dúvidas: o conflito entre Irã e Israel vai escalar. E muito. Mas uma coisa é certa: a Terceira Guerra Mundial não acontecerá sem o envolvimento da China e da Rússia.

A Coluna de Política Internacional do GWeb é assinada pelo jornalista e cientista político Vinicius Vilares. Os posicionamentos expressos no texto não refletem, necessariamente, a opinião do portal.

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