O braço executivo da União Europeia revelou nesta quarta-feira uma proposta que irá forçar os bancos da região a reservar mais capital para lidar com novos empréstimos inadimplentes.
Durante a crise financeira, a inadimplência disparou na Europa, conforme empresas e famílias perderam a capacidade de pagar empréstimos que se acumularam durante os anos de bonança. Ainda que as dívidas estejam caindo em meio à recuperação econômica no continente, bancos que continuam com dificuldades de obter lucro têm sido lentos em liquidar esses empréstimos.
Nesta quarta-feira, a Comissão Europeia disse que há 910 bilhões de euros em empréstimos inadimplentes na UE que estão atrasando o crescimento.
No plano da UE, que não se refere a essa dívida, os bancos terão de liquidar completamente novos empréstimos sem seguro que deixarem de ser pagos dentro de dois anos. Para empréstimos com seguro, o prazo será de oito anos. A Comissão define um empréstimo como inadimplente quando o mutuário não realizou um pagamento há mais de 90 dias ou é improvável que ele pague num futuro próximo.
“Conforme a Europa e sua economia retomam força, precisamos aproveitar o momento e acelerar a redução de empréstimos inadimplentes”, disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis.
A Associação de Mercados Financeiros da Europa, que representa bancos globais e europeus, criticou a proposta, dizendo que “o nível apropriado de provisões para empréstimos deve ser determinado banco a banco, em linha com os reguladores”.
Os planos da Comissão Europeia ainda precisam ser aprovados pelos países e devem encontrar resistência especialmente dos Estados com um grande portfolio de empréstimos inadimplentes. Na Grécia, eles correspondem a quase 47% do total de empréstimos. Na Itália e em Portugal, são 12,1% e 14,6%, respectivamente.
O Banco Central Europeu (BCE), que supervisiona os maiores credores da zona do euro, também deverá estabelecer novas regras sobre a questão em breve. Mas, ao contrário da Comissão, que tem o poder de impor regras a todo os bancos, o BCE só pode fazê-lo caso a caso. Fonte: Dow Jones Newswires.