"Ele não aceita o término do relacionamento. Parece um psicopata", afirma uma auxiliar de enfermagem de 36 anos, que fugiu para casa de amigos na semana passada por medo das ameaças do ex-namorado, um operador de tráfego de 48 anos. O namoro acabou há mais de um mês e o operador já invadiu o trabalho e a casa dela.
O medo vivenciado pela auxiliar de enfermagem acontece diariamente em Guarulhos. A sócio-fundadora do Centro de Integração da Mulher (CIM), Silvia Moraes, diz que fundou a ONG, após ser perseguida por um ex-namorado. "Me deu muitos tapas e tentou ter relação sexual comigo. Guardei isso por anos, até fundar o CIM para ajudar outras mulheres", conta.
A violência dos ex-companheiros, além de física, também pode ser psicológica. Uma auxiliar de serviços gerais de 29 anos conta que o ex-marido tentou transmitir o vírus HIV para ela e há quatro anos pede para retomar o relacionamento. "Não acredito mais no amor. Quero estudar, ter um bom emprego e viver minha vida", diz.
Estado não oferece segurança às mulheres ameaçadas
A delegada titular Beatriz Relva, da Delegacia da Mulher de Guarulhos, admite que o Estado não possui condições de dar segurança às mulheres ameaças pelos ex-companheiros.
Ela orienta, entretanto, que mulheres que forem perseguidas podem processar os possíveis agressores e ingressar com boletim de ocorrência em qualquer delegacia.
Para a sócia-fundadora do Centro de Integraçaõ da Mulher (CIM), as mulheres devem fazer denúncias para terem amparo jurídico em problemas futuros. "As mulheres se intimidaram com os casos de grande repercussão. A sensação que a sociedade possui é de impunidade", diz.
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