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Visitação ao Museu Nacional, no Rio, aumenta quase 70%

Fundado há 197 anos, o Museu Nacional teve sua visibilidade ampliada por ter ficado onze dias fechado, em decorrência da falta de pagamento ao serviço de limpeza, paralisado. Com o retorno dos 104 funcionários e a reabertura nesta sexta-feira, com entrada gratuita, a visitação aumentou em quase 70%: foram 1.679 pessoas, quando a frequência num dia de férias é de 1.000. Como um “mal que veio para o bem”, o problema financeiro pode acabar por ajudar a instituição, o mais antigo centro de ciências do País, e o maior museu de história natural da América Latina, a conseguir patrocínio (em empresas públicas ou privadas) para seus projetos.

A UFRJ, à qual o Museu Nacional está vinculado, não tem recursos para bancar o principal objetivo dos próximos anos, que é deixar nos três andares do Palácio de São Cristóvão, prédio de mais de 200 anos que se destaca no parque da Quinta da Boa Vista, somente exposições. Os cursos de pós-graduação da UFRJ que lá funcionam atualmente, assim como a parte administrativa e a reserva técnica, seriam transferidas para cinco prédios anexos no terreno da Quinta, três a serem construídos, um a ser ampliado e um por reformar. Outra necessidade é a restauração do palácio, que carece de reparos nas áreas externa e interna e de readequação dos espaços expositivos. A bela construção serviu de residência à família real desde a chegada de d. João VI e sua corte ao Rio, em 1808.

As medidas estão orçadas em R$ 150 milhões – quase um terço do orçamento total da UFRJ para 2015. “Com o fechamento, ficou evidente que é um museu popular. A sociedade se manifestou muito, e é importante que as autoridades vejam isso”, disse a diretora, Claudia Carvalho, que recebeu R$ 8 milhões nos últimos onze dias e efetuou os pagamentos à empresa de limpeza na quinta. Ela ainda aguarda a contratação de pessoal de portaria – os 30 funcionários do setor pararam de trabalhar depois que a empresa que os empregava faliu.

“É o museu mais importante do País, gerações passaram por aqui. Mas nossas exposições são irregulares: numa sala temos museografia moderna, noutra, parece que estamos em 1915”, apontou o vice-diretor, Renato Ramos. Os diretores chegaram a receber mensagens de frequentadores que se dispuseram a ir pessoalmente limpar o museu – o fechamento foi por precaução, para que resíduos que entram pelas portas e janelas, insetos e poeira não danificassem o acervo, composto por muito material orgânico (cestaria, animais empalhados, múmias egípcias, tecidos). Para a bancária Cassiane Silva, de 32 anos, o marido e os três filhos, ontem foi dia de ver pela primeira vez o “famoso Museu Nacional”, e suas coleções nas áreas de arqueologia, etnologia e paleontologia. “Nunca tinha vindo, mas ouvia falar. Fiquei muito chateada quando soube que estava fechado. Os meninos adoraram os dinossauros e as múmias”.

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