Na primeira eleição após a onda de protestos de junho de 2013, a taxa de votos nulos e brancos para presidente aumentou um ponto porcentual no País, de 8,6% para 9,7%. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, principais palcos das manifestações, o avanço da taxa foi maior: 3,4% e 3,2%, respectivamente.
Não houve aumento generalizado nos votos não válidos, que costumam ser chamados de “votos de protesto”, mas também podem resultar de erros no manejo da urna eletrônica.
A última pesquisa Ibope antes da boca de urna do 1.º turno, realizada na véspera da eleição, indicava que havia 7% de eleitores dispostos a votar branco ou nulo. De 2010 para 2014, a taxa de votos nulos para presidente variou de 5,5% para 5,8%, praticamente retornando aos níveis de 2006. A de brancos foi de 3,1% para 3,8%.
A taxa resultante da soma de brancos e nulos ainda é inferior à registrada em 2002, quando foi realizada a primeira eleição totalmente informatizada no Brasil: 10,4%.
Em termos absolutos, chega a 1,5 milhão o número adicional de brasileiros que invalidaram o voto nessa eleição. Parece um volume significativo, mas o contingente é menor que o dos eleitores de Luciana Genro, candidata presidencial do PSOL.
São Paulo teve aumento significativo de votos brancos e nulos para governador: 7 pontos porcentuais. Mas avanços semelhantes foram registrados em Estados como Sergipe (6 pontos), Pará (5,7) e Alagoas (5,6).
Em Rondônia, houve queda de 12,4 pontos porcentuais, mas em razão de uma decisão judicial. Houve aumento atípico dos votos nulos em 2010 porque Expedito Junior (PSDB) teve a candidatura barrada pela Justiça Eleitoral. Os votos nele foram anulados.
Não é possível fazer comparações para o cargo de senador, pois na eleição de 2010 havia duas vagas em disputa, e na atual, apenas uma. Na eleição para deputado federal, os votos não válidos tiveram aumento de 2,6 pontos. Para estadual, não houve variação.
Abstenção
A taxa de abstenção em todo o País passou de 18,1% para 19,3%. O índice aumenta a cada ano, porque muitos inscritos como eleitores morrem ou deixam de comparecer às urnas ao completar 70 anos. No Amapá, onde houve recadastramento no ano passado, com expurgo dos falecidos, a abstenção foi de apenas 10,4%, a menor do País.
O ministro Henrique Neves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse que o aumento não causa preocupação. “São diversos fatores que geram abstenção: pessoas que mudaram de domicílio, outras que trabalham no dia da eleição”, afirmou.
Colaborou Beatriz Bulla