Depois de dizer que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), era um “oportunista de ocasião”, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), afirmou, nesta segunda-feira, 15, que não defende o rompimento da aliança com o PMDB nem pretende entrar em confronto com o partido do vice-presidente Michel Temer, articulador político do governo. “Eu não quero levantar a bola nessa discussão”, disse Zarattini, que está na França. “Só acho que Eduardo Cunha, para ganhar força, usa o PT para fazer a política do contra. É a estratégia de tentar crescer pela crítica.”
O Palácio do Planalto montou uma “operação abafa” para contornar a nova crise entre o PT e o PMDB. A ordem no governo é jogar água na fervura e não deixar o bate-boca prosperar.
Durante a votação da resolução política do 5º Congresso do PT, no sábado, 13, em Salvador, Zarattini classificou Cunha como “oportunista de ocasião”, mas disse que a coalizão com o PMDB no governo era necessária. O deputado votou contra o fim da aliança, argumentando que havia “democratas” nas fileiras peemedebistas.
“Não é porque um oportunista de ocasião conseguiu se alçar à presidência da Câmara que vamos perder conquistas de doze anos”, discursou Zarattini no encontro do PT, em meio a gritos de “Fora Cunha” vindos da plateia, que dirigiu vaias ao presidente da Câmara.
Cunha reagiu em tom duro. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada no domingo, 14, ele disse que “dificilmente o PMDB repetirá a aliança com o PT” em 2018 porque “esse modelo está esgotado”.
Depois, no Twitter, recorreu à ironia para agradecer as manifestações de hostilidade no 5º Congresso do PT. “Ficaria preocupado é se fosse aplaudido lá”, escreveu. “Talvez tivesse sido melhor que eles aprovassem no congresso o fim da aliança e não sei se em um congresso do PMDB terão a mesma sorte”, insistiu, em post publicado no domingo, ao dizer que o PMDB está “cansado de ser agredido pelo PT”.
Para Zarattini, há fortes divergências entre o PT e Cunha, como o projeto de Lei 4330, que autoriza a terceirização em todas as atividades de uma empresa, mas isso não impede a aliança política. “No caso do PL 4330, ele é favorável e nós somos contrários. Agora, não é por isso que vamos acabar com a aliança. O PMDB tem propostas e uma visão política do Brasil. A eleição de 2018 ainda está muito longe”, amenizou o petista.