Não se fala em outra coisa no mundo político, desde que a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, deixar vazar conversas entre o senador goiano Demóstenes Torres (ex-DEM) com um dos nomes mais fortes da contravaneção no país, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O tema inclusive caiu com uma luva para o governo de Dilma Rousseff, até então, bombardeado com uma denuncia após a outra contra gente do primeiro escalão. Era quase um consenso entre analistas uma certa paralisia decisória em função dos embates do Executivo para com sua base “aliada”.
Diante dos holofotes, até as improváveis aberturas de processo de quebra de decoro no Conselho de Ética do Senado e de uma CPI mista, tendo como alvo as relações de lobby informal dos parlamentares e o empresário de jogos ilegais, são confirmadas. De todos os lados, desde a oposição até a situação, apoios inequívocos a investigação “doa a quem doer”. Sera? Pelo menos esses são os discursos diante de uma opinião pública um tanto incrédula.
Porém, a situação não é tão tranquila como muitos querem fazer parecer. Tirando o senador Demóstenes – que até pode se safar já que os grampos são ilegais -, uma investigação profunda em relação a Cachoeira pode trazer à superfície muito peixe grande, que sempre se julgou inatingível. Os aliados de Dilma – incluindo o partido do governo – terão momentos tensos, pois o objeto da CPI pode transbordar o alvo primário, trazendo memórias nada agradáveis do ano de 2004, quando eclodiu o Mensalão –
Assim, somente a oposição de esquerda, como o PSOL, poderá posar como paladina da legalidade republicana. O racha do PT pode abrir uma trincheira em cada tribuna, bater dentro e fora do Planalto, ganhando uma visibilidade interessante em ano eleitoral. Assim, não será de se estranhar se, ao entrar em ebulição, o vulcão espalhe não só larvas mas outros dejetos nem um pouco agradáveis por todos os lados.
