Alegre, irreverente, visionário, indiscreto. Vários são os adjetivos usados para descrever Silvio Santos, mas poucos compreendem toda a complexidade do dono do SBT. Afinal, poucos conhecem de verdade todas as faces do “patrão” que, além de artista, também é pai de família, empresário, político. Um homem de várias camadas e que tenta ser desvendado pelas três biografias que começam a chegar às livrarias brasileiras.
O jornalista Fernando Morgado, por exemplo, começou a se interessar por Silvio há 15 anos, quando decidiu se dedicar a estudar personagens marcantes da TV. A pesquisa sobre o dono do SBT, porém, foi se arrastando ao longo dos anos e a dificuldade em conversar com Silvio fez com que o material só começasse a sair do papel, de fato, há cerca de três anos. “Ele é um personagem com uma complexidade impressionante”, diz o jornalista à reportagem.
Seu livro, Silvio Santos – A Trajetória do Mito (Ed. Matrix, 208 págs., R$ 39,90), acaba de chegar às livrarias do País e se divide em 5 grandes perfis de Silvio: empresário, artista, dono de televisão, político e pai de família. Em cada capítulo, Morgado introduz o tema com um pequeno texto descritivo e, em seguida, compila frases ditas por Silvio desde 1950. “Queria fazer um livro com a voz dele presente em toda a narrativa”, conta o pesquisador. “Por isso, reuni todo o material que coletei sobre ele ao longo dos últimos anos e dividi em capítulos que, juntos, compõem a figura completa de Silvio.”
Segundo Morgado, o objetivo é atualizar a vida do apresentador para as pessoas – afinal, o último livro biográfico sobre o apresentador é A Fantástica História de Silvio Santos, publicada pelo jornalista Arlindo Silva, em 2000. “Quis mostrar as vitórias, os fracassos, as derrotas”, diz o autor. Além disso, o texto de Morgado conta histórias inéditas do empresário, como os bastidores da candidatura de Silvio à presidência.
Como se esperava, Fernando Morgado não conseguiu se aproximar de seu biografado ao longo dos últimos 15 anos em que se dedicou ao livro. “Não conheço Silvio, nem cheguei perto dele”, lembra, aos risos, o biógrafo carioca. Apesar de não ser autorizado, porém, o livro de Fernando parece ter caído nas graças do apresentador. Ao longo das últimas semanas, o SBT está veiculando um anúncio misterioso sobre a biografia. “A trajetória do mito está chegando. Aguarde”, diz a voz do locutor oficial da emissora.
Procurado pela reportagem, o apresentador não respondeu aos pedidos para comentar a sua nova biografia. Morgado, porém, está confiante na possibilidade de conhecer Silvio Santos ao vivo. “Só com o anúncio que está passando no SBT, já me sinto satisfeito. Mas se conseguir conhecer Silvio, terei o sentimento de dever cumprido”, revela ainda.
Opções
O trabalho de pesquisa de Fernando Morgado não é o único a retratar a vida de Silvio. Em agosto deste ano, a editora gaúcha AVEC deverá relançar Silvio Santos: Luta e Glória, uma história em quadrinhos sobre o “patrão”. Escrita por R.F. Lucchetti e publicada originalmente em 1979, a história vendeu mais de 200 mil exemplares em bancas de jornal de todo o País.
“Quando foi publicada, a HQ sobre o Silvio foi um sucesso”, afirma o editor da AVEC, Artur Vecchi. A publicação foi a primeira a contar em detalhes a trajetória de Silvio, narrando seus dias como camelô até as primeiras negociações para comprar o Baú. Segundo Vecchi, nada será alterado dos quadrinhos originais. “Alunos da Faculdade Rio Branco estão restaurando o único exemplar que temos da história”, informa. “Nada será alterado e a história chegará às livrarias como foi vendida em 1979.”
Além dos quadrinhos, a Companhia das Letras promete trazer uma biografia de Silvio ainda em 2018, escrita pelo jornalista Ricardo Valladares e com entrevistas inéditas com Silvio. Procurado pela reportagem, Valladares preferiu não comentar sobre a biografia.
Para Silvio Santos, é natural que existam tantos relatos sobre sua vida. Durante o lançamento do livro de Arlindo Silva, em 2000, o apresentador declarou em seu programa no SBT que apenas uma biografia não bastava. “Fiquei muito contente com a biografia do Arlindo”, disse o apresentador na época. “Mas se quiserem contar toda a minha história, desde o tempo em que eu era camelô, vão precisar de três ou quatro volumes.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.