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Um avanço real no salário mínimo

Uma das mais importantes lutas do povo brasileiro, e do sindicalismo, tem sido em torno do salário mínimo. A primeira fase dessa luta foi pela criação do mínimo. Já na grande greve de 1917, em São Paulo, uma das reivindicações era um salário que suprisse as necessidades mínimas.


Como em tudo na vida, essa luta teve degraus, que foram galgados com os anos. Primeiro, assegurou-se a criação do salário mínimo. Depois, tratou-se de fixar seu valor. A fixação do valor (na verdade, valores, pois o mínimo não era nacional) se deu com Getúlio Vargas, por meio do Decreto-Lei 2.162, de 1º de maio de 1940.


Cada governo, conforme sua ideologia, tratou o salário mínimo de um jeito, alternando altas moderadas com períodos de forte arrocho. O fundo do poço foi nos anos FHC, quando o mínimo era, literalmente, uma vergonha.


A eleição de Lula sinalizou mudanças. E o movimento sindical não vacilou. Logo na primeira Marcha a Brasília, colocamos como reivindicação estratégica uma política de recuperação do salário mínimo. Em 2004, firmamos acordo com o governo, prevendo até 2023 recolocar o mínimo no seu patamar original, ou seja, ser um ganho que supra as necessidades da família.


Ainda estamos longe disso. Mas vale registrar que, de 2002 para cá, o valor real do mínimo subiu 66%. O aumento neste 1º de janeiro foi de 14,13%, elevando seu valor para R$ 622,00. Esse valor isolado pode não parecer muito. Mas a soma fica grande se considerarmos que o mínimo beneficia milhões de brasileiros (da ativa, aposentados e pensionistas). O Dieese calcula que o novo mínimo vai injetar no mercado por volta de R$ 47 bilhões.


Mercado interno – Num País como o Brasil, onde a massa salarial é baixa em relação ao PIB, o aumento do salário mínimo tem um impacto forte e real. Salário mínimo maior é mercado interno mais forte, mais comida na mesa, mais remédio, mais compra de bens e serviços.


Sindicalismo – Enquanto brasileiro, eu fico feliz com o aumento do salário mínimo. Enquanto sindicalista, meu compromisso é somar força à luta por sua permanente valorização.


Eu penso que o desenvolvimento de um País se mede por alguns critérios, como grau de educação, barateamento do crédito e poder aquisitivo de seu povo. Nesse sentido, o aumento nominal de 14,13% para o salário mínimo é um avanço concreto rumo ao desenvolvimento. Certamente, será um dos grandes fatos econômicos de 2012.


 


José Pereira dos Santos


Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região


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