Economia

Iedi atrela crescimento do Brasil à indústria

O presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Pedro Passos, considerou que o Brasil estará condenado a ter taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) baixas sem a indústria. O empresário, sócio-fundador da Natura, disse que a indústria brasileira passa pela prior crise das últimas décadas.

Passos considerou que aspectos macroeconômicos têm prejudicado o setor industrial e avaliou que políticas de incentivo específicas não terão efeito sem um acerto em questões como o câmbio e os juros. “No IEDI, não defendemos que o câmbio seja a solução para todos os problemas da indústria, mas, com o câmbio sobrevalorizado que tivemos por um longo período, não há ganhos de produtividade que possam satisfazer essa equação”, comentou. “Mesmo que tenhamos propostas no âmbito da indústria, se não acertarmos a parte macroeconômica, não haverá política suficiente para recuperar a indústria”, concluiu.

Passos contestou ainda a visão de que a indústria não seja essencial como vetor de crescimento do País. Ele citou estudo da consultoria McKinsey, o qual concluiu que, mesmo se a economia do Brasil crescer a taxas anuais de 3,2%, o País ainda vai regredir em renda per capita. “Pensar num modelo de desenvolvimento que não tenha a indústria é condenar o País a ter crescimento baixo”, afirmou.

Incentivos

Passos avaliou ainda que os incentivos e proteção à indústria, vistos desde 2008, não são suficientes para salvar o setor. Segundo ele, é preciso apostar na internacionalização, tanto das empresas brasileiras quanto das multinacionais que atuam no País. Todos os emergentes que tiveram sucesso nas políticas industriais agiram assim, diz ele.

Para ele, exportar mais pressupõe poder importar mais. “Só vamos conseguir ser produtivos se entendermos a nova dinâmica da manufatura. Um produto simples hoje em dia tem componentes de, no mínimo, cinco, dez países”, comentou. Segundo ele, o Brasil tem grandes oportunidades, já que das 500 maiores multinacionais do mundo, que respondem por dois terços do comércio global, 400 já atuam no País, mas não têm incentivos para acessar outros mercados.

Na avaliação do presidente do Iedi, essas mudanças passam por uma revisão das tarifas de importação para baixo no longo prazo, que coloquem essas taxas em níveis semelhantes aos dos principais competidores do Brasil no comércio global. Ele também defende a ampliação dos acordos comerciais e a revisão constante de programas setoriais, como desonerações e políticas de conteúdo nacional. “As políticas industriais deveriam rumar para versões mais horizontais e menos setoriais.”

Segundo Passos, as políticas governamentais deveriam apostar em “setores vencedores, não nos perdedores”, aproveitando as vantagens comparativas da economia brasileira. “É lógico que não podemos negar socorro para as indústrias, mas temos de apostar nos setores que têm capacidade de ser competitivos”. Ele cita como uma das políticas erradas adotadas atualmente a proteção e desoneração para bens de consumo finais, quando essas ações deveriam focar na base das cadeias produtivas.

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